Trabalho por turnos e impactos na vida familiar e social na perspetiva dos familiares dos trabalhadores

Abstract

Este trabalho pretende contribuir para a caracterização dos impactos do trabalho por turnos na vida familiar e social na perspetiva dos familiares de trabalhadores por turnos e refletir sobre possibilidades de intervenção em termos da gestão de pessoas nas organizações. São apresentados resultados parciais de três estudos empíricos realizados em Portugal, tendo dois deles questionado cônjuges de trabalhadores e o terceiro entrevistado filhos de trabalhadores por turnos. No total participaram 403 cônjuges/companheiros/as de trabalhadores por turnos, 112 cônjuges/ companheiros/as de trabalhadores diurnos e 19 filhos de trabalhadores por turnos. Foi observado um impacto moderado a elevado do trabalho por turnos em diversas esferas da vida familiar e social na perspetiva dos cônjuges de trabalhadores por turnos. Também os filhos de trabalhadores por turnos referiram diversos efeitos negativos dos horários por turnos dos seus progenitores na vida familiar e social, tendo os resultados ainda apontado para a importância da flexibilidade oferecida pela organização na gestão das dificuldades. Os resultados obtidos indicam o esforço acrescido em termos familiares e sociais do trabalho por turnos em comparação com o horário diurno e reforçam o papel que as organizações podem desempenhar no processo de adaptação a este regime de trabalho.

This work aims to contribute to the characterization of the impacts of shift work on family and social life from the perspective of family members of shift workers. In addition to reflecting on possibilities for intervention in terms of people management in organizations. Partial results of three empirical studies carried out in Portugal are presented, two of which questioned spouses of workers and the third interviewed children of shift workers. A total of 403 spouses/partners of shift workers, 112 spouses/partners of day workers and 19 children of shift workers participated. A moderate to high impact of shift work was observed in different spheres of family and social life from the perspective of the spouses of shift workers. The children of shift workers also reported several negative effects of their parents' shift schedules on family and social life, with the results still pointing to the importance of the flexibility offered by the organization in managing the difficulties. The results obtained indicate the increased effort in family and social terms of shift work compared to daytime hours and reinforce the role that organizations can play in the process of adaptation to this work regime.