Práticas discursivas em contexto universitário: da leitura a escrita

Abstract

É por demais banal a afirmação de que os estudantes universitários “não sabem escrever”. É também injusta enquanto reduz a complexidade das situações de comunicação universitária a um modelo de (con)texto para o qual o ensino básico e secundário teria fornecido todos os conhecimentos. A competência comunicativa dos alunos, no que concerne às práticas sociais de ensino-aprendizagem, estaria completa à saída do ensino secundário. Também por isso, o interesse institucional pelo discurso acadêmico é relativamente recente, nomeadamente em Portugal, quer se considere a vertente do ensino, nos diferentes planos de curso existentes, quer da investigação neste domínio. Como objeto de análise, a atenção a certas formas de “discurso académico”, predominantemente, senão exclusivamente, ligadas à escrita, faz-se ainda e necessariamente pela imbricação ou mesmo submissão ao discurso científico: ensaios, relatórios, dissertações, teses. Tendo como objetivo abordar a especificidade dos géneros do discurso académico, pretendemos, em primeiro lugar, analisar os funcionamentos textuais-discursivos em interações de avaliação escrita produzidas na universidade. Este objetivo primeiro integra-se num objetivo mais amplo, que visa conhecer as características dos gêneros discursivos que têm como finalidade testar o conhecimento dos estudantes universitários, isto é, validar o seu percurso universitário. Centramo-nos sobre um gênero fundamental, o teste (testes de avaliação contínua e exames), como gênero discursivo individualizado por parâmetros particulares, na subcategoria determinada pelo suporte, o teste escrito. No quadro enunciativo-pragmático da análise dos discursos, e tendo em conta as características genéricas, analisa-se, em particular, o uso e funcionamento dos marcadores discursivos (MD), no que concerne à ocorrência de uma subcategoria, os marcadores justificativos.