Da linguística à música: A teoria generativa na compreensão da interpretação e receção de uma Sonata de Beethoven

Abstract

Partindo da relação entre música e linguagem, é evidenciada a importância e a operacionalidade da teorização levada a cabo por Fred Lerdahl e Ray Jackendoff em A generative theory of tonal music (1983), bem como do refinamento desta, por Fred Lerdahl (2001) em Tonal Pitch Space (TPS), que, radicando em Chomsky, se constituiu num instrumento de referência em estudos empíricos de perceção. Em particular, relata-se um estudo efetuado em 23 interpretações da Sonata Waldstein, Op. 53, de Beethoven, bem como um estudo sobre a perceção de interpretações selecionadas da mesma obra, em que os desvios expressivos praticados pelos intérpretes e avaliados pelos ouvintes são pensados à luz da TPS, demonstrando-se a pertinência da teoria na compreensão da representação cognitiva da estrutura na música tonal.

Focusing on the relation between music and language, this paper aims at highlighting the importance and operationality of Fred Lerdahl and Ray Jackendoff's Generative Theory of Tonal Music (1983), as well as Fred Lerdahl's (2001) refinement of that proposal in Tonal Pitch Space (TPS), which, based on Chomsky, has become a central research tool in empirical studies of music perception. Namely, a study of 23 interpretations of Beethoven's Waldstein Sonata, Op. 53, as well as a study on the perception of selected interpretations of the same work are reported, in which expressive deviations practiced by the interpreters and listeners’ evaluation of such performances are thought of in the light of the TPS, demonstrating the relevance of the theory in the understanding of the cognitive representation of the structure in tonal music.