Sarah Kane e Purificados: a projeção de uma vida no palco

Abstract

Neste artigo analisaremos a peça teatral Purificados da dramaturga inglesa Sarah Kane, bem como a sua vida pessoal que entrecruza com as personagens no palco. O espetáculo apresenta histórias distintas de seis vítimas e de um sádico omnipotente que faz deles os “prisioneiros” de uma instituição. O espaço de encenação lembra um hospital/campus hiper-real com traços de centro de detenção onde os irmãos incestuosos, um casal homossexual, um jovem/utente perturbado e uma dançarina de peep-show tentam sobreviver. A peça levanta problemas de intolerância social e transgeneridade, de violência física e consumo de substâncias nocivas. Numa atmosfera de despiedade os jovens resistem ao castigo, manifestando o afeto pelos seus entes queridos.

In this article, we will analyse Sarah Kane’s play Cleansed reading in it expressions of her personal life, as they are intertwined with characters on stage. The performance features different stories of six victims and an omnipotent sadist who makes them the “prisoners” of some unspecified institution. The set resembles a hyperreal hospital / campus with features of a detention centre where siblings in an incestuous relationship, a homosexual couple, a disturbed young man and a peep-show dancer try to survive. The play raises problems of social intolerance and transgenderism, physical violence and consumption of harmful substances. In an atmosphere of deprivation, young people resist punishment, showing affection for their loved ones.