Diferenciação cognitiva entre alunos regulares e alunos com altas capacidades: estudo com alunos do 5.º ao 9.º ano de escolaridade

Abstract

O papel das funções cognitivas no desenvolvimento de competências académicas e rendimento tem sido um dos principais focos de investigação na psicologia escolar. Além de compreender estas componentes cognitivas de forma geral, importa ainda perceber a sua manifestação no desenvolvimento da sobredotação e na realização das diversas disciplinas curriculares. Na presente tese de doutoramento analisamos o desempenho nas funções cognitivas e na aprendizagem da matemática em alunos com altas capacidades ou caraterísticas de sobredotação, face a colegas com capacidades regulares. Três artigos foram reunidos nesta tese: “Inteligência: necessária e suficiente para explicar a sobredotação?”, “Comparison of gifted and non-gifted students’ executive functions and high capabilities”, e “Resolución de problemas matemáticos en alumnado con y sin superdotación intelectual”. Nosso estudo teve a participação de 94 alunos, com idades compreendidas entre os 10 e os 15 anos, repartidos por um grupo de alunos sobredotados (n=42), maioritariamente do sexo masculino (81%), e de alunos regulares, sendo a maioria é do sexo feminino (59.6%). As funções executivas foram avaliadas através de testes psicológicos, nomeadamente as provas de Raciocínio Numérico e Raciocínio Verbal da Bateria de Provas de Raciocínio (BPR) e a prova Expressões da Bateria de Aptidões Cognitivas (BAC), o Teste de Atenção D2, o Teste dos Cinco Dígitos, a Figura Complexa de Rey, e a prova Memória de dígitos da WISC-III. Paralelamente foram aplicadas provas de avaliação da habilidade matemática, assentes na resolução de problemas. Os resultados indicam a existência de diferenças nos resultados nas provas cognitivas comparando os alunos sobredotados e os alunos regulares, a favor dos alunos sobredotados. Da mesma forma foram encontradas diferenças a favor dos alunos sobredotados em determinados fatores do raciocínio matemático. Estes resultados sugerem a necessidade de se incluir na identificação de alunos sobredotados funções cognitivas para além dos testes de QI, podendo daí decorrer informação relevante para a diferenciação das práticas de ensino junto destes alunos a favor da sua aprendizagem e sucesso escolar.

The role of cognitive functions in the development of academic skills and performance has been one of the main focuses of research in educational psychology. Besides understanding these cognitive components in a general way, it is also important to understand their manifestation in the development of giftedness and in the accomplishment of the several curricular subjects. In this doctoral thesis we analyze the performance in cognitive functions and in the learning of mathematics in students with high abilities or with gifted characteristics, compared to colleagues with regular abilities. Three articles have been gathered in this thesis: "Intelligence: necessary and sufficient to explain the high abilities?”, “Comparison of gifted and non-gifted students’ executive functions and high capabilities”, e “Mathematical problems solving in students with and without intellectual giftedness". Our study had the participation of 94 students, aged between 10 and 15 years, divided into a group of gifted students (n=42), mostly males (81%), and regular students, the majority being female (59.6%). The executive functions were evaluated through psychological tests, namely the Numerical Reasoning and Verbal Reasoning tests of the Battery of Reasoning (BPR) and the Expressions test of the Battery of Cognitive Aptitudes (BAC), the Attention Test D2, the Five Digits Test, the Rey Complex Figure Test, and the WISC-III Digit Memory test. At the same time, tests were applied to evaluate mathematical ability, based on problem solving. The results indicate the existence of differences in results in cognitive tests comparing gifted students and regular students in favor of gifted students. In the same way, differences were found in favor of gifted students in certain factors of mathematical reasoning. These results suggest the need to include cognitive functions in addition to IQ tests in the identification of gifted students, which may lead to relevant information to the differentiation of teaching practices among these students in favor of their learning and school success.