A(s) rede(s) do enclave galego de Lisboa. O caso de Ramiro Vidal Carrera (1900-1930)

Abstract

O fenómeno migratório galego com destino em Lisboa tem origens temporais longínquas ainda não totalmente esclarecidas. Se durante séculos, como recolheu amplamente a literatura portuguesa, se caraterizou por nutrir-se de indivíduos de baixa condição social, trabalhadores pouco qualificados no espaço lisboeta (moços de fretes, aguadeiros, etc.), a partir da segunda metade do século XIX, a colónia galega começa a experimentar notórias alterações marcadas por uma crescente complexificação e deversificação dos seus membros, surgindo assim, por exemplo, uma incipiente elite com outros objetivos laborais mais também sociais e culturais. Assim sendo, em finais do século XIX, tomam formam as primeiras iniciativas no sentido de dotar a comunidade de organizações próprias (publicações próprias e associações, fundamentalmente). Neste quadro, pretende-se analisar a trajetória de Ramiro Vidal Carrera (1887-1967) identificando as redes e iniciativas às que se associa no espaço da imigração (Lisboa) e da emigração (sul da Galiza). Na exposição serão problematizados os discursos, ideias e práticas de uma parte simbolicamente significativa da comunidade galega de Lisboa na primeiras décadas do século XX a partir da trajetória social, política e cultural de Ramiro Vidal Carrera.