Avaliação da vulnerabilidade à fraude alimentar segundo o referencial BRC versão 7

Abstract

A fraude alimentar ou ato de enganar intencionalmente os consumidores de modo a obter ganho económico é um problema cada vez mais emergente. Apesar de já ser conhecida há milhares de anos, só quando ocorreram incidentes recentes como o escândalo da carne de cavalo, em 2013, é que foi possível compreender qual o seu impacto na indústria alimentar e nos consumidores, a nível económico e de riscos para a saúde pública, respetivamente. Neste sentido, têm surgido normas, regulamentos e referenciais para certificação que já incluem requisitos relacionados com este conceito, tal como o BRC. Estes requisitos visam a mitigação da fraude alimentar através da implementação de procedimentos de avaliação de vulnerabilidade a produtos e ingredientes presentes em determinadas instalações. O objetivo do presente trabalho consiste em desenvolver um procedimento de avaliação de vulnerabilidade à fraude alimentar de acordo com o BRC versão 7 a todas as matérias-primas utilizadas na empresa CSM Bakery Solutions. Deste modo, foi necessário avaliar, para cada matéria-prima, a probabilidade de ocorrência de fraude a partir da avaliação de aspetos tais como o histórico de fraude, a dimensão e complexidade da cadeia de fornecimento, os fatores económicos e a facilidade de adulteração; e a probabilidade de deteção de fraude tendo em conta a facilidade de deteção visual, a existência de certificados de origem, o tipo de controlo existente que permite a deteção e qual o controlo sobre os fornecedores. Depois de efetuar a respetiva avaliação, verifica-se o nível de vulnerabilidade das matérias-primas, através da utilização de uma matriz de risco. Dependendo do resultado, são então atribuídas as medidas de controlo adequadas. Para a elaboração deste trabalho foram apenas consideradas as seguintes matérias-primas: farinha de trigo, salsichas, óleo de colza, recheio de manga, queijo creme, cacau, aroma de baunilha, ovo, sementes de papoila e figos secos. A partir dos resultados obtidos verificou-se que, dentro das matérias-primas analisadas, a farinha de trigo e os figos secos não são vulneráveis à fraude alimentar, não sendo necessárias medidas de controlo adicionais. As restantes matérias-primas encontram-se numa zona de risco pelo que é importante que sejam estabelecidas medidas de monitorização, tais como auditorias aos fornecedores e certificados de análise que comprovem a origem das matérias-primas. Estas medidas devem ser implementadas para que seja possível minimizar a vulnerabilidade à adulteração e, deste modo, mitigar a fraude alimentar.

Food Fraud or the act of intentionally deceive consumers in order to obtain economic gain is an emerging problem. Although it has been known for thousands of years, only when there were recent incidents like the horse meat scandal in 2013, it was possible to realize their impact on the food industry on an economic level and their impact on the consumers over public health issues. Therefore, there have been rules, regulations and certification standards that already include requirements relating to this concept, such as BRC. These requirements intend to mitigate food fraud through implementation of vulnerability assessments to ingredients and raw materials existent in certain facilities. The focus of this study is to develop a food fraud vulnerability assessment according to BRC issue 7 to all the raw materials used in CSM Bakery Solutions. Thus, it was necessary to estimate, for each raw material, the likelihood of occurrence through the evaluation of matters such as fraud history, length and complexity of the supply chain, economic factors and ease of access to raw materials; and the likelihood of detection considering the ease of visual detection, existence of certificates of origin, existing controls and relationship with suppliers. After carrying out the corresponding calculations, it turns out which area of the risk matrix area is each raw material. Depending on the outcome, appropriate control measures are then assigned. For this report, were only considered the following raw materials: wheat flour, sausages, rapeseed oil, mango filling, cream cheese, cocoa, vanilla flavor, egg, poppy seeds and dried figs. In conclusion, it was possible to see that wheat flour and dried figs are not vulnerable to food fraud, not being necessary additional control measures. The remaining raw materials are in a risk zone so it’s important that monitoring measures are in place, such as supplier audits and certificates of analysis proving the origin of raw materials. This way, we can minimize the vulnerability to food fraud.