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https://hdl.handle.net/1822/8202
Título: | A enunciação cultural na tradução de Nós, os do Makulusu de Luandino Vieira |
Autor(es): | Matos, Domingos Hélder António de |
Orientador(es): | Keating, Maria Eduarda Monteiro, Maria Rosa Valente Sil |
Data: | 14-Mar-2008 |
Resumo(s): | A obra de Luandino Vieira Nós, os do Makulusu, publicada em 1974 e traduzida
em 1989 por Michel Laban constitui um caso particularmente interessante de tradução
literária, precisamente porque se insere num contexto ideológico bastante complexo – o
das literaturas pós-coloniais. A tradução desse tipo de literatura levanta, além da questão
da ideologia, a questão da identidade, assim como o problema das relações de poder
entre o “centro” e a “periferia”. Um outro tipo de dificuldade inerente a tradução de um
tal tipo de literatura é a questão linguística. Esse tipo de literatura, e situando-nos já no
romance em estudo, usa a língua como instrumento denunciador do sistema colonial,
incorporando e valorizando elementos das tradições africanas e ao mesmo tempo
retratando o bilinguismo da capital, Luanda, onde o português, língua oficial, convive
com o kimbundu, língua regional. O tradutor tem aqui a responsabilidade de transportar
para a língua francesa, língua de africanização bastante difícil, para tomar as palavras de
Salvato Trigo, um texto com sentido construído dentro de um contexto bem
determinado; o tradutor tem a responsabilidade de conservar a forma e o conteúdo do
texto original.
O presente trabalho tem por objectivo pôr em evidência o projecto de tradução
actualizado no texto de Michel Laban afim de ver como o texto traduzido pode
conservar o estatuto original de romance de contestação, de valorização e exaltação dos
valores de raiz africana.
A partir da análise comparativa dos dois textos e, depois de ter esclarecido o
objectivo de Luandino no romance Nós, os do Makulusu, foi possível vislumbrar um
projecto de tradução que rompe com a tradicional tendência etnocêntrica da tradução
francesa, valorizando a especificidade da cultura e da estética do texto original.
Contrariamente as nossas suspeitas de início, e não sem grandes perdas, o romance
traduzido aparece na sua verdadeira dimensão de contestação e reivindicação. Esse
exemplo de tradução mostra-nos um quadro ético que se afasta claramente da eterna
dicotomia das teorias tradutológicas (fonte/alvo) e permite definir a negociação cultural
como palavra-chave para a efectivação de qualquer tradução intercultural. L’ouvrage de Luandino Vieira Nós, os do Makulusu, publié en 1974 et traduit en 1989 par Michel Laban constitue un cas particulièrement intéressant de traduction littéraire précisément parce qu’il s’insère dans un contexte idéologique assez complexe - celui des littératures post-coloniales. Au-delà de la question idéologique, la traduction de ce type de littérature soulève la question de l’identité, ainsi que les problèmes des relations de pouvoir entre le “centre” et la “périphérie”. Un autre type de difficulté liée à la traduction d’un tel type de littérature est la question linguistique. Ce type de littérature, étant bien le cas du roman en étude, emploi la langue comme instrument dénonciateur du système colonial, incorporant et valorisant des éléments issus des traditions africaines au même moment qu’il rapporte le bilinguisme de la capitale, Luanda, où le portugais, langue officielle et le kimbundu, langue régionale, cohabitent harmonieusement. Le traducteur a, ici, la responsabilité de transposer dans la langue française, langue d’africanisation assez difficile, selon Salvato Trigo, un texte construit dans un contexte bien déterminé. Il a ainsi la responsabilité d’en conserver la forme et le contenu. Ce travail a pour but dégager le projet de traduction actualisé dans le texte de Michel Laban, afin de voir comment celui-ci conserve le statut original de roman de contestation, de valorisation et d’exaltation des valeurs d’origine africaine. À partir de l’analyse comparative des deux textes et après avoir éclairci l’objectif de Luandino Vieira dans le roman Nós, os do Makulusu, il a été possible d’entrevoir un projet de traduction qui rompt avec la traditionnelle tendance ethnocentrique de la traduction française, valorisant la spécificité de la culture et de l’esthétique du texte original. Contrairement aux soupçons de départ et, non sans grandes pertes, le roman traduit apparaît dans sa véritable dimension de contestation et de revendication. Cet exemple de traduction nous montre un cadre éthique qui s’éloigne clairement de l’éternelle dichotomie des théories traductologiques (source/cible) et permet de définir la négociation culturelle comme mot-clé pour la réalisation d’une quelconque traduction interculturelle. |
Tipo: | Dissertação de mestrado |
Descrição: | Dissertação de Mestrado em Estudos Franceses |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/8202 |
Acesso: | Acesso aberto |
Aparece nas coleções: | BUM - Dissertações de Mestrado |
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