Os limites do conhecimento: prisão ou espaço de liberdade?

Abstract

O presente relatório corresponde ao estágio que realizei na Escola Secundária de Maximinos, em Braga, durante o qual tive a oportunidade de lecionar um conjunto de aulas com duas turmas do 11º ano, bem como desenvolver um conjunto de atividades pedagógicas na escola. Tendo uma componente letiva e uma componente investigativa, dá conta do modo como organizei as aulas e como procurei nelas atingir os objetivos do meu projeto de estágio, e contém também uma investigação que foi sendo desenvolvida ao longo do ano letivo, a qual está relacionada com os conteúdos do tema IV do programa de Filosofia em vigor, “Conhecimento e racionalidade científica e tecnológica”, que foi aquele que tive a oportunidade de lecionar. A investigação que apresento nestas páginas reflete sobre a existência de limites para o conhecimento humano, distinguindo conhecimento científico de conhecimento filosófico e procurando a articulação entre ambos. Foi dada especial atenção à articulação destes problemas em René Descartes e Karl Popper, na medida em que as aulas que orientei foram consagradas ao estudo destes autores. Procurei investigar, durante a prática letiva, se a problematização do conhecimento que é feita na disciplina de Filosofia contribui para a formação do raciocínio autónomo dos alunos, concluindo-se que sim, mas apenas na medida em que esses conteúdos se relacionam com o restante programa da disciplina. Esta reflexão é antecedida e enquadrada por considerações sobre os métodos pedagógicos da disciplina e do seu lugar no corpo dos saberes, defendendo-se que a metodologia construtivista é a mais adequada ao ensino da Filosofia, uma vez que contém pontos em comum com pressupostos fundamentais da disciplina, como por exemplo procurar a formação de um juízo crítico e autónomo. O relatório assinala também alguns daqueles que me parecem ser problemas que afetam o ensino de Filosofia no nível secundário, sendo deixadas algumas sugestões para investigações futuras.

This report corresponds to the internship that I undertook in Escola Secundária de Maximinos (Maximinos High School), Braga, during which I had the opportunity to teach a series of lessons with two 11th grade classes, as well as to develop a set of educational activities in school. Having both a pedagogical and an investigative component, it reports how I organized classes and in them sought to achieve the goals of my internship project, while also containing an investigation that was developed throughout the academic year, which is related to the contents of theme IV of the Philosophy program, " Knowledge and scientific and technological rationality", the one that I had the opportunity to teach. The research I present in these pages reflects on the existence of limits to human knowledge, distinguishing between scientific and philosophical knowledge, and seeking the linkage between them. Special attention was paid to the articulation of these problems in René Descartes and Karl Popper, as the classes were devoted to supervised study of these authors. I sought to investigate, during the teaching practice, if the questioning of knowledge that is made in philosophy contributes to the formation of the independent reasoning of students, concluding that yes, but only to the extent that these contents relate to the rest of the discipline program. This reflection is preceded and framed by considerations on teaching methods of the discipline and its place in the body of knowledge, arguing that the constructivist methodology is best suited to the teaching of philosophy, as it has traces in common with the fundamental assumptions of the discipline, such as seeking the formation of critical and autonomous reasoning of students. This report also notes some of the apparent problems that affect the teaching of philosophy at secondary level, leaving some suggestions for future research.