As plataformas eletrónicas na administração e gestão das escolas; autonomia do agrupamento ou controlo, um estudo de caso num agrupamento de escolas

Abstract

A presente dissertação resulta de uma investigação que incidiu no papel que as plataformas eletrónicas desempenham na administração e gestão das escolas e teve como referência a seguinte questão de investigação: “Plataformas Eletrónicas: Autonomia do agrupamento ou controlo?”. Foi nosso propósito, tentar compreender se elas concorrem para reforçar a autonomia ou pelo inverso, contribuem para o reforço do controlo da organização escolar. Com a tecnologização das tarefas de administração e gestão das escolas, a comunicação, quer entre a escola e a tutela e vice versa, assim como da escola com a comunidade, realiza-se maioritariamente de forma digital. Para o presente estudo, inscrito num paradigma de natureza qualitativo e interpretativo e cujo método de investigação aplicado foi o estudo de caso, as opções metodológicas para a recolha e análise de dados incidiram numa ficha de autopreenchimento (com análise estatística dos resultados) e em entrevistas semiestruturadas que foram aplicadas ao Diretor, à equipa de apoio ao Diretor e ao Chefe dos serviços administrativos, de um agrupamento de escolas. Para esta finalidade importou alcançar as perceções, interpretações e formas de execução dos atores inquiridos sobre o uso das plataformas eletrónicas e o seu efeito na administração e gestão das escolas, de modo a compreender lógicas de atuação e perceber se somente existe reprodução das orientações normativas ou também existe autorrecriação e produção de regras não formais. As plataformas eletrónicas são percebidas pelos atores inquiridos como instrumentos facilitadores no processo de administração e gestão escolar, mas em simultâneo também as consideram como castradoras da autonomia e altamente controladoras de toda a gestão escolar. Embora estas assumam um papel modernizador na simplificação de tarefas e disponibilização permanente e imediata da informação, exercem um caracter normalizador, burocrático, de controlo oculto e impessoal (por intermédio da máquina) sobre as organizações escolares. Ficou evidente que o uso das plataformas é impactante na limitação do exercício da autonomia do agrupamento e executa um forte controlo sobre este. A sua utilização maciça sublevou a forma de “governar” uma escola com efeitos muito acentuados nas relações administrativas e pedagógicas. Esta nossa interpretação é apoiada pela análise dos dados recolhidos, tendo esta pesquisa privilegiado um olhar burocrático e político na procura de uma resposta sustentada à nossa questão de partida e à verificação das hipóteses e objetivos por nós alvitrados.

The current dissertation is the result of an investigation that focused on the role electronic platforms play in the administration and management of schools, with the following research question as reference: "Electronic Platforms: Autonomy of the school group or control?". Our purpose was to try to understand whether they contribute to reinforcing autonomy or, conversely, to strengthening control over the school organization. With the digitization of administrative and management tasks in schools, communication, both between the school and the educational authorities and vice versa, as well as between the school and the community, primarily takes place digital. For this current study, which is framed within a qualitative and interpretative paradigm and employes a case study as the research method, the methodological choices for data collection and analysis focused on a self-completion form (with statistical analysis of the results) and semi-structured interviews conducted with the Principal, the Principal's support team, and the Head of the administrative services of a school group located. The goal was to gain insight into the perceptions, interpretations, and methods of implementation of the actors interviewed regarding the use of electronic platforms and their impact on school administration and management, in order to understand patterns of action and determine if there is only a reproduction of normative guidelines or also self-recreation and the production of informal rules. The electronic platforms are perceived by the interviewed actors as facilitative tools in the school administration and management process. However, at the same time, they are also seen as limiting autonomy and exerting strong control over all aspects of school management. While they play a modernizing role in simplifying tasks and providing information continuously and immediately, they also have a normalizing and bureaucratic character, of hidden and impersonal (machine-mediated) control over school organizations. It became evident that the use of these platforms significantly limits the exercise of autonomy by the school group and enforces strong control over it. Their extensive use has transformed the way a school is "governed," with very pronounced effects on administrative and pedagogical relationships. Our interpretation is supported by the analysis of the collected data, as this research favored a bureaucratic and political perspective in seeking a well-founded response to our initial question and in verifying the hypotheses and objectives we proposed.