Jornalismo desportivo em tempo de pandemia: teletrabalho e emoções a distância

Abstract

A pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) veio alterar todas as dinâmicas sociais e profissionais que havíamos conhecido até então. A partir de março de 2020, altura em que a Covid-19 penetrou no país, e por força das medidas de saúde pública adotadas, o trabalho à distância tornou-se obrigatório sempre que possível e tiveram de ser criados novos hábitos e rotinas entre os cidadãos. Desde logo, o jornalismo não escapou a esta realidade. Se até aqui os jornalistas já passavam mais tempo dentro da redação do que no terreno a investigar, analisar e compreender os factos, estes profissionais tornaram-se ainda mais sedentários e, em muitos casos, enviados para casa e remetidos ao computador pessoal e a uma redação improvisada no seio do próprio lar. Os jornalistas tiveram de aprender a trabalhar num contexto desfavorável, privados do espaço onde produziram conteúdo informativo ao longo de toda a carreira. No caso do jornalismo desportivo, existem algumas exceções, como as deslocações aos estádios, ainda que estas decorram de uma maneira bastante distinta da de outrora. Refletindo uma experiência de estágio de três meses no Maisfutebol, este relatório procura analisar esse período e, adicionalmente, perceber que experiências tiveram outros jornalistas que trabalham na área do desporto. A temática central desta tese visa, portanto, compreender de que forma o regime de teletrabalho condicionou a produção noticiosa e o impacto provocado no trabalho dos jornalistas desportivos. Como conclusão geral depreende-se que as rotinas dos jornalistas se alteraram neste período e a profissão sofreu um processo de renovação, fruto da adaptação a uma nova e adversa realidade. Além disso, ficou demonstrada a capacidade e eficácia da resposta que os jornalistas deram nesta fase, ainda que a ausência da redação e a diminuição dos contactos informais com os colegas tenha afetado o planeamento do jornal, a definição da agenda e o espírito de equipa. Por isso, a adoção do regime de teletrabalho no jornalismo e, em particular, no jornalismo desportivo ainda divide a opinião dos profissionais.

The pandemic caused by the new coronavirus (SARS-CoV-2) changed all the social and professional dynamics as we knew it. From March 2020, when Covid-19 entered the country, and due to the public health measures adopted, it became mandatory to work at a distance whenever possible and new habits and routines had to be created among citizens. Ever since, journalism did not escape this reality. If until now journalists have spent more time in the newsroom than in the field investigating, analyzing and understanding the facts, these professionals have become even more sedentary and, in many cases, have been sent home with a personal computer and an improvised newsroom in their homes. Journalists had to learn how to work in an unfavorable context, deprived of the space where they produced informative content throughout their careers. In the case of sports journalism, there are some exceptions, such as trips to stadiums, even though these take place in a very different way from which they took in the past. Reflecting a three-month internship experience at Maisfutebol, this report seeks to analyze that period and, additionally, to understand what experiences other journalists who work in the field of sport have had. The central theme of this thesis, therefore, aims to understand how the telework regime conditionated news production and the impact it had on the work of sports journalists. As a general conclusion, it appears that the routines of journalists changed during this period and the profession underwent a process of renewal, as a result of the adaptation to a new and adverse reality. Furthermore, the capacity and effectiveness of the response given by journalists at this stage was demonstrated, even though the absence of the newsroom and the decrease in informal contacts with colleagues affected the newspaper's planning, the definition of the agenda and the team spirit. Therefore, the adoption of the telework regime in journalism and, in particular, in sports journalism still divides the opinion of professionals.