Transições urbanas, um contributo à descarbonização

Abstract

A nível global, as cidades são responsáveis por 70% das emissões de dióxido de carbono, sendo este o principal gás com efeito de estufa (GEE) de origem antropogénica [1]. Para se atingir as metas estabelecidas no acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5° C, é fundamental implementar estratégias e testar inovações que permitam fazer a transição das cidades para um modelo urbano com baixa emissão carbónica, sem pôr em causa o desenvolvimento económico e social das mesmas. Em termos de descarbonização de cidades, os ativos de alto custo de implementação e de longa vida útil como edifícios, transportes, infraestruturas de água e energia são os mais relevantes, dado o potencial de descarbonização ou o impacto que o uso de opções não sustentáveis pode causar [2]. No entanto, os maiores obstáculos para que os investimentos de baixo carbono cresçam ao ritmo necessário para atingir as metas de redução propostas são os custos de implementação, que em geral são mais altos que as soluções tradicionais, e o receio de que os resultados obtidos não façam jus ao valor investido [1]. Nesse sentido, muitos governos locais, a partir de parcerias público-privadas, têm utilizado laboratórios vivos em zonas urbanas como forma de testar, cocriar e validar inovações que possam contribuir na redução da pegada carbónica, isto é, na quantidade de GEE produzidos direta e indiretamente, e ao mesmo tempo estimular o crescimento económico [3,4] A partir do estudo de caso do Laboratório Vivo para Descarbonização (LVD) BUILD, situado em Braga, e através dos dados obtidos na implementação das intervenções propostas, o presente estudo teve como objetivo desenvolver uma metodologia multicritério para avaliar a descarbonização alcançada pelo BUILD e auxiliar nas futuras tomadas de decisão da Câmara Municipal, sobre quais medidas devem ser alargadas a outras freguesias, em busca da neutralidade carbónica da cidade.