Editorial [Anthropocenica Vol. 1 (2020)]

Abstract

[Excerto] É com orgulho que apresentamos este primeiro número da Anthropocenica. Revista de Estudos do Antropoceno e Ecocrítica, publicada sob a égide do INfAST-Institute for Anthropocene Studies. O que nos impeliu a fundar a Anthropocenica foi, sobretudo, a conjunção de dois motivos. Desde logo, a inexistência de uma publicação periódica científica em Portugal dedicada aos Estudos do Antropoceno e à Ecocrítica. Depois, o crescente interesse que ambos os domínios de investigação têm vindo a suscitar em boa parte do mundo académico. É certo que cada um deles tem uma história independente. Mais longa a da Ecocrítica — estudo da relação entre a literatura e o ambiente físico, na conhecidíssima definição de Cheryll Glotfelty — remontando possivelmente a 1978, ano que William Rueckert publicou o seu ensaio Literature and Ecology: An Experiment in Ecocriticism e segundo Scott Slovic já na sua quarta fase. Menos longa a dos Estudos do Antropoceno —domínio de investigação que entrecruza abordagens das 4 culturas, Ciências naturais (em especial as Geociências), Ciências sociais, Humanidades e Engenharias, para tentar compreender o Antropoceno na sua complexidade — oficialmente anunciada no EIBEA-Encontro Iberoamericano de Estudos do Antropoceno, realizado em Braga, na Universidade do Minho, em 2019 (http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/62541). No entanto, em especial na última década, a sua intersecção é cada vez mais notória, em boa medida pelo seu interesse convergente pela multitude de narrativas, algumas com forte tonalidade moral, que se formaram sobre a crescente degradação antropogénica do mundo natural e o acumular de evidências de danos irreparáveis infligidos ao sistema ambiental global. [...]