A informação para jovens adultos: o caso do P3

Abstract

A democratização da Internet redefiniu os espaços comunicacionais, revolucionou a organização e produção mediáticas e reestruturou a comunicação dos média com as audiências. Ao mesmo tempo, surgiram novos hábitos de consumo de notícias. Protagonistas das mudanças sociais e do futuro da democracia, os jovens adultos parecem não estar convencidos com as matrizes tradicionais do jornalismo, revelando práticas, experiências e necessidades mediáticas que diferem das gerações mais velhas (Costera Meijer, 2007; Broersma & Peters, 2013). De facto, há uma clara preferência pelo digital por parte das gerações mais jovens (Pew Research Center, 2012; The Media Insight Project, 2015; ERC, 2016; Instituto Reuters, 2017). Assim, o ciberjornalismo – enquanto género jornalístico com características interativas, multimédias e personalizadas – poderá ser um caminho para um relacionamento mais próximo entre os jovens adultos e o jornalismo. Na tentativa de combater esta lacuna, o P3 surge, em setembro de 2011, como uma iniciativa totalmente inovadora no âmbito mediático por querer explorar narrativas e linguagens adequadas ao digital e ao público-alvo – os jovens adultos (18-35 anos). Após uma reflexão acerca da experiência de estágio de três meses no Público, com passagem pelo P3, e da literatura consultada, o presente estudo procura conhecer o processo comunicacional entre aquele projeto jornalístico e o seu público-alvo. Olhando para os estudos de produção e de receção mediática de forma articulada pretende-se contribuir para o entendimento sobre se o que está a ser feito no P3 corresponde ao que é expectável e necessário, tendo por base os interesses do público-alvo. Para tal, foi elaborado uma análise de conteúdo quantitativa a 174 artigos do P3, uma análise de conteúdo qualitativa de entrevistas semidiretivas com três fundadores do projeto e uma análise quantitativa de 382 questionários aplicados a jovens entre os 18 e os 35 anos. As conclusões da presente investigação revelam que o P3 parece estar a cumprir com os objetivos a que se propõe, no sentido de aproximar os jovens adultos ao jornalismo, ainda que haja um caminho a percorrer quer na abordagem de temas que, numa primeira leitura, seriam desinteressantes para os jovens (como o caso da política), quer no dinamismo das tecnologias utilizadas (como o recurso ao vídeo).

The democratization of the Internet has redefined communication spaces, revolutionized media organizations and productions, and restructured media communication with audiences. At the same time, new media consumption habits have emerged. Main characters of the social changes and of the future of the democracy, young adults don’t seem to be convinced by the traditional journalism standards, revealing media practices, experiences and needs that differ from older generations (Costera Meijer, 2007; Broersma & Peters, 2013). In fact, there’s a clear preference for the digital among younger generations (Pew Research Center, 2012; The Media Project, 2015; ERC, 2016; Reuters Institute, 2017). Therefore, ciberjournalism - as journalistic type with interactive, multimedia and personalized characteristics – could be a path for a closer relationship between young adults and the media. Thus, P3 emerges in September 2011 as a totally innovative initiative in the media field by intending to explore narratives and languages more suitable to the digital and target group - young adults (18-35 years). After some reflection on the three months internship in Público, with involvement in P3, and with the literature consulted, this study aims at understanding the communication process between the project and the target. By looking at the production and reception media studies in an articulated way, we intend to contribute to understand if P3 is corresponding to the expected and needed result by considering the interests of the target group. With that purpose, it has been done a quantitative analysis on the content of 174 P3’s articles as well as a qualitative analysis on the content of three semi-directional interviews conducted with the project founders. Differently, it has also been done a quantitative analysis of 382 questionnaires filled in by young people with age between 18 t0 35. The present investigation shows that P3 seems to be achieving its goals since it has been able to fill the gap between young adults and journalism. Even if there is need to work on the themes that are apparently less interesting for young generations (such as politics), as well as the dynamic of the technologies used (such as the use of video).