Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/6194

TítuloA instância da letra na obra de Jacques Lacan
Autor(es)Pereira, Paulo Jorge Vieira
Orientador(es)Álvares, Cristina
Data4-Abr-2006
Resumo(s)Tem por objecto esta dissertação o tema da letra na obra de Jacques Lacan. Este tema afigura-se como crucial para a teoria de Lacan por localizar na letra as condições mínimas para a concepção lacaniana do inconsciente como uma linguagem. Deste modo, é atribuída, na primeira parte, grande incidência ao escrito “L’instance de la lettre dans l’inconscient ou la raison depuis Freud”, em Écrits, que é fundamental para o desenvolvimento deste tema porque não só confirma a pertinência da atenção dada à palavra na prática psicanalítica para permanecer fiel a Freud, mas também assume definitivamente a instância da letra como elemento incontornável para a leitura da linguagem do inconsciente no sentido da psicanálise, assim, reunir as condições para o estatuto de ciência. Ao estabelecer a distinção entre significante e significado, a linguística, por um lado, emancipou o signo da sua função referencial e, por outro, proporcionou à psicanálise a noção de arbitrariedade que o discurso analítico colmatou com a intervenção do inconsciente que fala através do deslocamento ou substituição de significantes, que se tornam determinantes para os processos nos quais o sujeito é efeito da linguagem. Deste modo, a instância da letra promove a excentricidade do sujeito no sentido em que o sujeito é primacialmente relação na cadeia significante – é um significante para outro significante – é um ser de letra, um sujeito da linguagem, esvaziado de substância psicológica. Numa segunda fase da sua obra, com o Séminaire XX, Lacan não abandona a primazia da letra na sua teoria, no entanto, associa o traço da letra ao gozo como instância negativa porque não serve para nada senão ser a condição imperativa do inconsciente que fala. Assim, a letra emancipa-se da sua condição de elo de uma cadeia significante para assumir uma positividade formal evidenciada na escrita. Ora, nestas condições, a perspectiva de uma linguagem estruturada deixa de ter consistência e Lacan delimita o objecto específico de uma nova ciência da linguagem (linguisterie) sob o égide da psicanálise com a denominação de lalangue através da qual se exprimiria o saber do inconsciente. De facto, esse saber é uma estância à qual a letra dá forma, o que lhe confere um estatuto determinante para a interpretação do saber do inconsciente. Esta perspectiva analítica, que elege a centralidade do saber do inconsciente como determinante de todos os outros saberes, tem consequências na literalização do sujeito da ciência moderna e no tema do divino.
Cette dissertation a pour objet le thème de la lettre dans l’œuvre de Jacques Lacan. Ce thème se figure comme crucial pour la théorie de Lacan du fait de localiser dans la lettre les conditions minimums pour la conception lacanienne de l’inconscient structuré comme un langage. Ainsi, il est attribué, dans la première partie, une grande incidence à l’écrit « L’instance de la lettre dans l’inconscient ou la raison depuis Freud », dans Écrits, qui est fondamental pour le développement de ce thème parce que, non seulement, il confirme la pertinence de l’attention donnée à la parole dans la pratique psychanalytique pour rester fidèle à Freud, mais aussi, il assume définitivement l’instance de la lettre comme élément incontournable pour la lecture du langage de l’inconscient pour que la psychanalyse, par la même occasion, réunisse les conditions du statut de science. En établissant la distinction entre signifiant et signifié, la linguistique, d’une part, a émancipé le signe de sa fonction référentiel et, d’autre part, a proportionné à la psychanalyse la notion d’arbitraire que le discours analytique a colmaté avec l’intervention de l’inconscient qui parle à travers le déplacement ou la substitution de signifiants, qui deviennent déterminants pour les processus dans lesquels le sujet est effet du langage. En effet, l’instance de la lettre promeut l’excentricité du sujet dans le sens où le sujet est d’abord relation dans la chaîne signifiante – c’est un signifiant pour un autre signifiant – c’est un être de lettre, un sujet du langage, vidé de substance psychologique. Dans un deuxième phase de son œuvre, avec le Séminaire XX, Lacan n’abandonne pas la primauté de la lettre dans sa théorie de l’inconscient ; néanmoins, il associe le trait de la lettre à la jouissance comme instance négative car elle ne sert à rien sinon être la condition impérative de l’inconscient qui parle. Ainsi, la lettre s’émancipe de sa condition de maillon de la chaîne signifiante pour assumer une positivité formelle mise en évidence dans l’écrit. Or, dans ces conditions, la perspective du langage de l’inconscient structuré n’a plus de consistance et Lacan délimite l’objet spécifique d’une nouvelle science du langage (linguisterie) sous l’égide de la psychanalyse comme lalangue au moyen duquel s’exprime le savoir de l’inconscient. De fait, ce savoir est une frontière littorale à laquelle la lettre donne corps, ce qui lui confère un statut déterminant pour l’interprétation du savoir de l’inconscient. Cette perspective analytique, qui établit la centralité du savoir de l’inconscient comme déterminant de tous les autres savoirs, a des conséquences sur la littéralisation du sujet de la science moderne et sur le thème du divin.
TipoDissertação de mestrado
DescriçãoMestrado em estudos franceses
URIhttps://hdl.handle.net/1822/6194
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Dissertações de Mestrado
ELACH - Dissertações de Mestrado

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Tese final PDF.pdfTese final 341,88 kBAdobe PDFVer/Abrir

Partilhe no FacebookPartilhe no TwitterPartilhe no DeliciousPartilhe no LinkedInPartilhe no DiggAdicionar ao Google BookmarksPartilhe no MySpacePartilhe no Orkut
Exporte no formato BibTex mendeley Exporte no formato Endnote Adicione ao seu ORCID