A imagem dos cientistas no ensino secundário angolano: um estudo com professores de ciências e alunos

Abstract

A educação é um direito de todos e constitui a chave para se ter uma sociedade democrática e justa, com uma economia produtiva, mais humanizada e sustentável. A sociedade atual necessita que os conhecimentos científicos e tecnológicos se tornem acessíveis a todos os cidadãos para que estes possam exercer uma cidadania ativa e informada. O exercício desse tipo de cidadania requer uma compreensão adequada acerca da imagem dos cientistas e do seu trabalho, porque é necessária para que os cidadãos possam participar adequadamente em decisões políticas que afetam a investigação científica e o trabalho dos cientistas. No entanto, a investigação mostra que cidadãos de diversas idades e com diversos níveis de formação académica (incluindo professores e alunos) possuem imagens estereotipadas sobre os cientistas e a forma como eles trabalham. Em Angola não se conhecem investigações sobre este assunto. Assim, com esta investigação pretendeu-se responder á seguinte questão: que relação existe entre as imagens dos cientistas perfilhadas por professores e por alunos do ensino secundário angolano? Para dar resposta à esta questão, desenvolveu-se um estudo, com 23 professores de ciências e com 80 alunos do 2º ciclo do ensino secundário, distribuídos por seis municípios da província do Uíge. Os dados foram recolhidos através de um questionário adaptado a partir dos estudos de Silva (2006) e Souza e Silva (2013). De seguida, em cada um dos dois grupos foi selecionada uma subamostra que participou numa entrevista sobre os diferentes desenhos que produziram em resposta ao questionário. Os resultados obtidos mostram que os professores e os alunos perfilham muitas imagens estereotipadas do que adequadas acerca dos cientistas e do seu trabalho. Eles acham que os cientistas são pessoas com aparência esquisita de sexo masculino, génios que trabalham de forma individual no laboratório, seguindo os passos do método científico e por outro lado, acham que a atividade científica sofre influência da política e da família. Estes resultados significam que, se as escolas angolanas quiserem alterar as imagens que os alunos possuem dos cientistas e transmitir-lhes uma imagem adequada do modo como os cientistas vivem e trabalham, os professores de ciências precisam envolver-se em cursos de formação que lhes permitam libertar-se das imagens estereotipadas que possuem sobre os cientistas e desenvolver estratégias adequadas para lidarem com este assunto nas suas aulas.

Education is a citizens’ right as well as the key condition for a democratic and fair society, with a productive, humanized and sustainable economy. Nowadays societies need citizens to have access to science and technology knowledge so that they can exert an active and informed citizenship. This requires an appropriate understanding of the image of scientists as well as of their ways or working so that citizens can collaborate in political decisions, that affect scientific research and scientists’ work conditions, in as informed way. However, research has shown that citizens with a broad range of ages and levels of education (including teachers and students) hold stereotyped images about scientists and the way they work which are inconsistent with nowadays scientific practice. As far as it is known, in Angola there are no research studies dealing with this issue. Thus, this research aims at answering to the following question: what is the relationship between the images of scientists hold by high secondary school science teachers and students in Angola? To answer the research question, a study with 23 science teachers and 80 high secondary school students was carried out. Participants belong to six municipalities of Uige, in Angola. Data were collected through a questionnaire adapted from others available in the literature. Afterwards, a subsample of three teachers and four students was drawn on a volunteer basis from the subjects that answered to the questionnaire. They were interviewed on a few drawings about scientists that were produced by the respondents to the questionnaire. Results show that Angolan science teachers and students hold similar stereotyped images of scientists and the way they work which are similar to those reported in the literature. They seem to believe that scientists are male people with a strange look, that work alone in a laboratory by following the scientific method steps. However, they believe that when engaged in the scientific enterprise scientists are influenced by politics and by their family which is a good but uncommon result. Anyway, these results mean that if Angolan schools are to change students’ images of scientists and to convey them an appropriate image of the way scientists live and work, science teachers need to engage in in-service training that enables them to overcome their own stereotyped images of scientists and to develop appropriate strategies to deal with this issue.