Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/5943

TítuloSomatização e expressão emocional: um estudo nos cuidados de saúde primários
Outro(s) título(s)Somatization and emotional expression: a study in primary health care
Autor(es)Almeida, Vera
Orientador(es)Machado, Paulo P. P.
Data17-Jul-2006
Resumo(s)A somatização é um importante problema clínico e socioeconómico que causa elevados níveis de disfuncionalidade nos pacientes e acarreta graves problemas para os serviços de saúde, dada a utilização frequente que estes fazem dos serviços e as dificuldades na relação com os profissionais de saúde. Em Portugal não se conhecem trabalhos que tenham estudado este fenómeno nos cuidados de saúde primários. A nossa investigação tenta colmatar esta lacuna através da realização de dois estudos empíricos acerca da somatização e da expressão emocional em contextos de saúde. O primeiro, de natureza exploratória, procurou investigar e caracterizar os somatizadores na sua relação com os processos emocionais e com a utilização dos serviços de saúde. A amostra, constituída por 143 pacientes, foi recrutada em quatro centros de saúde da região do Porto. Todos os participantes completaram um conjunto de medidas para avaliar: características clínicas e sociodemográficas, a alexitimia, o controlo emocional, a somatização, a ansiedade e a depressão. Foram realizadas análises comparativas e de associação. Os principais resultados comparativos mostraram que: (1) os somatizadores são mais velhos e menos escolarizados que os não somatizadores; utilizam com mais frequência os serviços de saúde; estão mais dias doentes e têm que alterar mais vezes as suas actividades do que os não somatizadores; (2) os somatizadores revelam-se mais ansiosos e deprimidos, com níveis mais altos de alexitimia e com maior dificuldade em controlar as suas emoções. As análises de relação mostraram que há uma correlação positiva entre somatização e alexitimia mas que tende a diminuir quando se controlam as variáveis ansiedade e depressão. As análises de predição mostraram que a somatização é predita pela idade, pela ansiedade e pela depressão. Baseados nas relações que encontrámos entre processos emocionais, somatização e perturbação emocional, implementámos um segundo estudo que visava dois objectivos: (1) implementar duas intervenções de expressão emocional em somatizadores nos cuidados de saúde e (2) avaliar a eficácia desses dois tipos de intervenção. Foi utilizado um desenho pré-teste/pós-teste com dois grupos experimentais e um grupo de controlo de não-intervenção. Uma das intervenções baseou-se no paradigma da expressão escrita de Pennebaker na qual se pediu aos pacientes para escreverem 3 dias acerca de acontecimentos de vida traumáticos. A outra intervenção baseou-se na terapia cognitiva-narrativa breve com a duração de três sessões. Avaliou-se o impacto das intervenções através de medidas da qualidade de vida, da perturbação emocional, e da sintomatologia física, antes da intervenção, logo após e dois meses depois. Sessenta e oito somatizadores, terminaram todas as avaliações. A análise de resultados mostrou que ambas as intervenções tiveram resultados positivos: (1) na diminuição dos níveis de ansiedade e de depressão; (2) na melhoria da qualidade de vida tanto na saúde física como na saúde mental (vitalidade, função social, desempenho emocional e saúde mental); (3) na diminuição da sintomatologia física. Quanto às análises de moderação, constatámos que os somatizadores com níveis mais altos de pensamento orientado para o exterior diminuíam mais os seus sintomas depressivos e os somatizadores com mais dificuldade em identificar sentimentos apresentavam menos melhorias na capacidade física.
Somatization is an important clinical and socioeconomic problem causing high levels of impairment in patients and serious problems on health services, given their frequent use of the services and difficulties in the relationship with the health professionals. In Portugal there are no research results regarding this phenomenon in primary health care services. This research tries to fill this gap by conducting two empirical studies concerning somatization and emotional expression in primary health care settings. The first one, exploratory, aimed at investigating and characterizing somatizers, its relationship with emotional processes and use of the health services. The sample, consisting of 143 patients, was recruited in four health centers of the Porto region. All participants completed a set of measures to evaluate: clinical and sociodemographic characteristics, alexithymia, emotional control, somatization, anxiety and depression. Comparative and association analyses were carried out. The main results showed that: (1) somatizers were older and less scolarized than non somatizers; they used more frequently health services; they were sick more days and have to modify more times their activities that nonsomatizers; (2) somatizers were more anxious and depressed, with highest levels of alexithymia and more difficulty in controlling their emotions. Correlation analyses showed a positive correlation between somatization and alexithymia which tended to diminish when the anxiety and depression variables were controlled. Prediction analyses revealed that somatization was predicted by age, anxiety and depression. Based on the relations found between emotional processes, somatization and emotional disturbance, we undertook a second study with two goals: (1) implement two interventions focused on emotional expression with somatizers in primary healthcare settings and (2) evaluate the effectiveness of these two types of intervention. This study used a pretest/pos-test design with two experimental groups and a non-intervention control group. One of the interventions was based on Pennebaker’s writing paradigm in which patients were asked to write 3 days about traumatic life events. The other intervention was based on a brief (three session) cognitive-narrative therapy. The impact of the interventions was evaluated, through measures of quality of life, emotional distress and physical symptomatology, before the intervention, immediately after and at two months followup. Sixty-eight somatizers finished all the evaluations. The results showed that both interventions had positive results in: (1) reducing depression and anxiety levels; (2) improving the quality of life, both in physical and mental health (vitality, social function, emotional performance and mental health) and; (3) reducing the physical symptomatology. Analyses of moderating variables showed that somatizers with highest levels of externally oriented style of thinking showed highest improvement in depressive symptoms; and somatizers with most difficulty in identifying feelings showed least improvement in physical capacity.
TipoTese de doutoramento
URIhttps://hdl.handle.net/1822/5943
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento

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