Prevalência da violência feminina contra homens na intimidade: unidirecional ou duplo envolvimento?

Abstract

A violência na intimidade é hoje vista como um problema social. A investigação nos últimos anos tem demonstrado que este fenómeno tem diferentes protagonistas, podendo homens e mulheres ser vítimas e/ou perpetradores de comportamentos agressivos nas suas relações. O presente estudo teve como objetivo estudar a violência na intimidade contra os homens, particularmente, a taxa de prevalência da vitimação e da perpetração dos diferentes tipos de violência e a taxa de duplo envolvimento (i.e., quando se é vítima e perpetrador, conjuntamente), ao longo da vida e no último ano. A partir de uma amostra comunitária, recrutada online e utilizando o CTS2 (Revised Conflict Tatics Scale), participaram neste estudo 1556 homens, maiores de 18 anos e envolvidos em relações heterossexuais. Os resultados refletem uma taxa de prevalência, quer de vitimação quer de perpetração, elevada: superior a 75% ao longo da vida e de cerca de 70% no último ano. Tanto na vitimação como na perpetração, a agressão psicológica assume a maior prevalência, sendo a agressão física com sequelas a menos prevalente. Para além disso, o duplo envolvimento foi reportado por 73.7% dos participantes, ao longo da vida. Mais investigação sobre esta temática revela-se necessária para serem toma das medidas de prevenção e intervenção mais adequadas.

The intimate violence is seen nowadays as a social problem. Research in recent years has shown that this phenomenon has different protagonists, men and women can be victims and/or perpetrators of aggressive behavior in their relations. This research aimed to study the intimate violence against men, particularly, the prevalence rate of victimization and perpetration of different types of violence and the prevalence rate of overlap (when it is a victim and perpetrator at the same time), lifelong and last year. From a community sample, recruited online and using the CTS2 (Revised Conflict Tactics Scale) participated in this study in 1556 men aged over 18 years who were in a heterosexual relationship. The results reflect a high prevalence rate of victimization and perpetration: more than 75% throughout life and about 70% in the last year. Both in the victimization and perpetration, psychological aggression takes the most prevalent and physical aggression with sequels the less prevalent. In addition, the overlap was reported by 73.7% of participants. More research on this topic has proved necessary, so that the most appropriate prevention and intervention measures are taken.