Fazendo ciência, criando consciência: as atividades experimentais como promotoras de aprendizagem cooperativa

Abstract

A permanente aprendizagem é uma condição humana para estarmos atualizados e ocuparmos um lugar na sociedade. Aprender a cooperar, em pleno ato de aprender, é estar consciente de que cada um de nós não o é isoladamente. O Ser Humano é “ser-com-os-outros”, nas palavras do filósofo alemão Heidegger. Todo o conhecimento é socialmente construído, pois para que haja desenvolvimento individual é imprescindível a interação com o meio e com o Outro. Estas razões mostram o quão importante é promover uma precoce aquisição e desenvolvimento de competências que nos capacitem para viver em grupo. Assim, atendendo à importância da dimensão social na aprendizagem, a escola e os professores devem promover o uso da interação com o outro (professor, colegas, entre outros) como recurso primordial para facilitar e promover a aprendizagem. Destarte, a Aprendizagem Cooperativa surge como metodologia de ensino-aprendizagem que melhor se ajusta a este quadro, pois promove a aquisição e o desenvolvimento de competências cognitivas, afetivas e sociais, permitindo, desta forma, o sucesso integral dos alunos. Isto, aliado ao facto das crianças nutrirem uma natural curiosidade e interesse pessoal pelos fenómenos físico-naturais, constitui o fundamento prévio necessário para a construção ativa e significativa do saber. O presente estudo decorreu de uma intervenção pedagógica realizada numa turma de 25 alunos do 3º ano de escolaridade do 1ºCEB. Atendendo ao observado e inferido no contexto, procurou-se abordar o ensino-aprendizagem experimental e reflexivo das ciências enquanto instrumento mediador da introdução do trabalho cooperativo na sala de aula e, assim, explorar a pertinência deste último, em geral, e no ensino experimental e reflexivo das ciências, em particular. Para tal, foi imperativo proporcionar experiências de aprendizagem que estimulassem, simultaneamente, a partilha e a construção ativa de conhecimentos e a aquisição de várias competências sociais, nomeadamente cooperativas. Em consonância com os objetivos supracitados, o estudo desenvolveu-se numa lógica de investigação-ação, em que se ilustrou as situações reais de exploração e avaliação da estratégias de trabalho cooperativo, ao que se seguiu a interpretação dos resultados obtidos pela recolha de dados, tendo em conta o quadro teórico de suporte. O presente trabalho consiste num testemunho. Trata-se de um contributo para que educadores e professores perspetivem o ensino de modo menos individual, reconhecendo as potencialidades do trabalho cooperativo para a aprendizagem.

Permanent knowledge is a human condition for us to be updated and occupy a place in society. Learning to cooperate, really learning it, is to be aware that each one of us can’t be anything alone or just by ourselves. The human being is "being-with-others", in the words of the German philosopher Heidegger. All knowledge is socially constructed, because for there to be individual development, interaction with the environment and with others is essential. These reasons show how important it is to promote an early acquisition and development of skills that enable us to live in groups. Thus, given the importance of the social dimension in learning, the school and teachers should promote the use of interaction with others (teachers, peers, etc.) as a primordial resource to facilitate and promote learning. Thus, Cooperative Learning emerges as a teaching-learning methodology that best fits this framework, since it promotes the acquisition and development of cognitive, affective and social skills, thus enabling the full success of students. This, and the fact that children nurture a natural curiosity and personal interest in the physical and natural phenomena, is the preliminary condition required for active and meaningful knowledge construction. The present study resulted from a pedagogical intervention performed in a class of 25 students of the 3rd grade of the 1st CEB. Considering everything that was observed and inferred in this context, it was sought to address the experimental and reflective teaching-learning of sciences as a moderating instrument of the introduction of cooperative work in the classroom and thus explore the relevance of the latter, in general, and in experimental and reflective teaching of sciences in particular. To this end, it was imperative to provide learning experiences that stimulate both the sharing and the active construction of knowledge and the acquisition of various social skills including cooperative ones. In line with the objectives listed above, the study was developed in a logic of actionresearch, in which real situations of exploration and evaluation of strategies of cooperative work were illustrated, followed by the interpretation of the results gathered after collecting data, taking into account the theoretical frame of support. The present work is a testimony. It is a contribution to educators and teachers so that they may face teaching not as a completely individual process, but also recognizing the potential of cooperative work for learning.