Caraterização de um padrão de comportamento oculomotor em tarefas de olhar preferencial em crianças

Abstract

A medição da acuidade visual em populações com capacidades intelectuais, cognitivas e motoras diminuídas e em populações não cooperantes é um desafio, tendo em conta os testes que os profissionais de saúde têm disponíveis atualmente. Deste modo, torna-se essencial o desenvolvimento de um teste objetivo que responda às necessidades destes indivíduos. O principal objetivo deste estudo piloto foi investigar, através do princípio do olhar preferencial e de eyetracking, o padrão oculomotor durante a realização desta tarefa. A nove crianças, com idade média de seis anos, foram apresentadas dois tipos de imagens diferentes, uma com barras pretas e brancas, com frequências espaciais, e outra uniforme, sem barras. Neste estudo foram recolhidos e analisados dados sobre a latência, amplitude, direção e duração do movimento sacádico e sobre o tempo de fixação. Os resultados mostraram diferenças nos valores das variáveis medidas quando o olhar foi dirigido para o estímulo de barras (no caso de uma correspondência) e quando o olhar foi dirigido para um estímulo uniforme (sem barras) ou na direção errada (no caso de uma não correspondência). Estas diferenças nos movimentos oculares podem fornecer informações de que o estímulo foi ou não visto. A tarefa foi realizada com e sem conhecimento do teste proposto e não foram verificadas diferenças no padrão oculomotor. Isto mostra que, como esperado em tarefas de olhar preferencial, os olhos são atraídos automaticamente para o estímulo apresentado. Concluindo, os nossos resultados fornecem boas evidências de que o padrão oculomotor faculta informação credível acerca da acuidade visual e pode ser utilizado para desenvolver novos testes de acuidade visual para populações com necessidades especiais.

Measuring visual acuity both in populations with intellectual, cognitive or physical disabilities and in non-cooperative populations can be very challenging, especially considering the tests that are currently available. Hence, developing an objective test that suits these individuals’ needs has become increasingly imperative. The aim of this pilot study was to investigate, using the preferential looking principle and eyetracking, the oculomotor pattern of behavior when performing this task. Nine children, with an average age of 6 years, were asked to look at two different types of pictures, one with a grid of black and white bars with spatial frequencies and other without bars. The study comprehended data collection and analysis on the latency, amplitude, direction and length of the movements and fixation time. Results show that there is a difference in the values of the variables measures when the look is directed to a grid with stimulus (in a case of correspondence) and when the look is directed to a uniform stimulus (no bars) or in the wrong direction (in case of no correspondence). This difference in eye movements can give information if the stimulus was seen or not seen. The task was performed with and without explaining the purpose test and there were no differences in oculomotor parameters. Showing, as expected in a preferential looking task, that the eyes was automatically attracted to the target. In conclusion, our results provide good evidence that oculomotor patterns, provided by the eyes, provide reliable information about acuity and can be used to conceive new acuity tests for special populations.