Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/27323

TítuloO anticomunismo na imprensa portuguesa de referência durante o período de ‘normalização’ - 1980-2005 - : os casos DN, Expresso e Público
Autor(es)Pereira, Rui Alberto Mateus
Orientador(es)Martins, Moisés de Lemos
Data19-Set-2013
Resumo(s)O projeto de pesquisa que ora se apresenta estuda a produção discursiva dos três jornais portugueses de referência dominante, Expresso, Diário de Notícias e Público sobre um dos mais controversos e diretamente político-ideológicos temas do nosso tempo, o comunismo. Coligindo mais de um milhar de itens impressos entre 1980 e 2005, este material configura uma densa construção anticomunista que é aqui analisada à luz das Teorias do Enquadramento (Framing) e da Construção Social da Realidade. Este estudo de natureza qualitativa, embora quantitativamente controlado, deteta um volume considerável de matéria tendenciosamente orientada na cobertura do comunismo e do Partido Comunista Português, um dos poucos que permanecem, ainda hoje, identificados com o ideal marxista-leninista. Procedeu-se a uma revisão teórica em torno das noções de identidade e representações, considerando- se, entre outras, as dimensões da Esteotipia e da Teoria da Rotulagem (“Labeling Approach”). O ponto de vista aqui defendido é o de que a construção representacional e identitária negativa do Outro constitui uma estratégia de representação positiva do Eu social, cada um deles nomeado como o “Mal” vs. o “Bem”, numa produção assaz maniqueísta, nociva e empobrecedora de configuração da (ir)realidade. Contemplando a necessidade de proceder ao corte epistemológico com a linguagem do senso comum, que carateriza a produção científica, o estudo ensaiou um modelo analítico por meio do qual as formas políticas, ou regimes, não são observadas pela sua produção autorrepresentacional (a sua morfologia) mas sim em função da sua eidética. Desse modo, as duas maiores promessas políticas da Modernidade (o liberalismo e o socialismo) mantêm pontos em comum por sob a superfície das suas discursividades explícitas. A pesquisa tentou recensear as autorrepresentações identitárias dos principais atores e correntes politicas da Modernidade e registar as suas produções ideológicas quanto às suas raízes em projetos utópicos pré-Modernos e recentes. Também se discute à luz de diferentes pontos de vista, designadamente enquanto utopia de grande impacto social e político para o humano, o cientificismo derivado da ideologia do “Progresso” e seus correlatos. Entrando na ideologia anticomunista, a investigação percorre as suas múltiplas expressões e tenta estabelecer as respetivas regularidades argumentativas transversais, para além dos países, regimes e momentos históricos. Observa-se em particular o papel da Igreja Católica através da consideração da discursividade produzida por um século de documentos de alto nível, as Encíclicas Papais versando o assunto, desde 1848 até 1948. É ainda discutida a questão do Totalitarismo e dos contributos de origem académica para a edificação de uma doutrina e de uma bem sucedida discursividade anticomunistas, destinadas a serem usadas (e assim o foram) bem no coração da mentalidade e das incidências da Guerra-Fria. Com este aparato teórico recolheu-se e analisou-se um corpus de mais de 5.600 itens, centrados em duas grandes ordens de distribuição: de um lado, os referentes ao comunismo e ao PCP, e do outro, as unidades que versavam a positividade legitimadora da “normalização” edificada a partir da rotura com o período de agitação revolucionária de 1974/75. Empregaram-se diferentes técnicas e métodos de amostragem, de forma a poder captar-se a informação disponível e contrastarem-se os resultados relevantes que dela iam emergindo, por entre uma tão volumosa quantidade de material. Na sua condição de semanário, o Expresso foi o único dos três jornais a ser analisado durante todo o período e no seu interior, de acordo com procedimentos de amostragem que permitiam identificar no objeto os níveis de “saturação teórica”. Foi possível extrair conclusões sobre os modos como a mais referencial imprensa portuguesa e um número considerável dos seus profissionais acabaram envolvidos numa cadeia de preconceito anticomunista e anti-PCP que orientou genericamente a cobertura realizada sobre o assunto, detetandose embora variações entre os discursos que cada um dos jornais produziu ao longo do período. Considerando-se este um caso em que, numa inversão, foi o jornalismo a fazer jornalistas e não os jornalistas a fazerem jornalismo, sustenta-se a posição de que o comportamento da imprensa estudada, neste particular, resulta mais comprometedora para o estatuto da própria imprensa do que do partido e da ideologia comunistas na sociedade portuguesa.
The research project we now conclude focuses on twenty five years of journalism from the main Portuguese quality papers about Communism. This material configured a huge corpus of media discursive production on a rather controversial and a directly political and ideological issue of our time. Collecting more than one thousand items printed between 1980 and 2005, on the pages of the most important Portuguese newspapers (Expresso, Diário de Notícias and Público) this material configures a high density anticommunist construction, which is here analyzed from both the perspectives of the Social Constructionism and the Framing Theory. This qualitative study, which has been quantitative controlled, detects a considerable amount of ideologically biased news coverage on the Communism and the Portuguese Communist Party, one of the few in the world that keeps loyalty to Marxism-Leninism ideal. We review several theoretical approaches to the social identity and representation issues. The problem has still been addressed on the basis of a model of negative and positive identity considering among others the Stereotyping and the Labeling approaches. Our stand point is that the construction of the Other’s negative representation is a key feature to get and induce a positive representation of the Self, named each one of the parts as the “Evill” one vs. the “Good” one, in a rather manichaeistic and poor way of configuring (un)reality. Considering the need of epistemological cut towards the common sense language and perceptions that characterizes scientific production the study developed an analytical model trough which political forms or regimens are observed not by their own self produced representations (morphologically), but instead they are considered in function of their eidética. So the two major political promises of Modernity (Doctrinal Liberalism and Socialism) meet somewhere below their own explicit Discourse. The research tries to identify the clamed self representations by the major political actors and currents of Modernity, and to register their roots on ancient and recent utopian projects. It also discusses scientificist ideologies from a different set of views, namely as an human utopia with huge social and political impacts, derived from the Progress Ideology. Entering on the Anticommunist ideology, the research crosses along its varied expressions and try to stabilize the common features inside of it, beyond the political morphologies, countries, or historical moments since the middle of the xIx century. In particular we observed the role of the Catholic Roman Church trough the analysis of the discourse of Encyclical Pope’s Letters since 1848 until 1948. We also discussed the problem of Totalitarianism and the academic contributions to the construction of a well succeeded Anticommunist doctrine and discourse that could be used (and so they have been) on the core of the Cold War mentality and affairs. With this apparatus we began collecting and analyzing a corpus of more than 5.600 items establishing two main focuses on their distribution: those which referred to Communism and PCP, and those which expressed the positivity of the new liberal regime sorted out from the military cutting of the revolutionary period of 1974-75. We used different sample techniques so we could contrast the rele vant results that were emerging from such a dense amount of material. As a weekly newspaper, Expresso was the only one observed in its inside pages and during the entire period. We finally could conclude that the Portuguese finest press and a considerable number of its professionals have been caught up in a chain of Anticommunist and anti-PCP biased news production even if there are some variations among the discourses that each one of the newspapers produced along the period. Considering this one as a case on which journalists have not been making journalism but, instead, that is journalism who has been making its journalists, we stand for the position that the way the examined press behaved on this issue compromises the press status more than the Communist Party and Ideology positions on Portuguese society.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Ciências da Comunicação ( área de conhecimento Sociologia da Comunicação e da Informação)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/27323
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CECS - Teses de doutoramento / PhD theses

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