Utilize este identificador para referenciar este registo:
https://hdl.handle.net/1822/24307
Título: | Evolução do estado de saúde em reclusas : estudo dos registos clínicos |
Autor(es): | Cerqueira, Ana Raquel Rego da Silva |
Orientador(es): | Maia, Ângela |
Data: | 2012 |
Resumo(s): | O ambiente prisional é um caso particular de concentração de pessoas numa instituição, que está
associada a situações de frustração, violência, falta de esperança no futuro, perspectivas de novo
encarceramento, ruptura de laços sociais e familiares e continuação de consumo de drogas. De acordo com
Crofts (1997) e Levy (1999) esta combinação fomenta elevados comportamentos de risco para a saúde, a
dependência de drogas e perturbações mentais (Observatório Português dos Sistemas de Saúde, 2003).
Se as condições de reclusão podem propiciar problemas de saúde física e mental, também é
reconhecido que no momento de reclusão estas pessoas podem ter condições de saúde mais frágeis. Quando se
trata especialmente da população feminina, a maioria da população reclusa feminina advém de famílias
carenciadas, onde as desigualdades sociais sobressaem, reflectindo-se num estado de saúde precário. Isto
significa que a prisão pode ser uma oportunidade para estas mulheres receberem cuidados de saúde
adequados.
Alguns estudos têm procurado caracterizar o estado de saúde de mulheres reclusas recorrendo ao
relato que elas fazem da sua saúde, mas muito raramente se recorreu a dados objectivos de processos clínicos
para a descrever. O presente estudo tem como objectivo geral analisar se a saúde das reclusas tende a melhorar
ou a deteriorar-se com a reclusão, recorrendo aos registos clínicos. Para isso fez-se uma caracterização do
estado de saúde de 100 reclusas de um Estabelecimento Prisional Especial, recorrendo à leitura dos dados
clínicos e analisando os dados referentes a duas fases: no 1º mês de reclusão (momento 1 - M1) e no mês que
antecedeu o estudo (momento 2 – M2).
Para a análise da informação foi construída uma grelha que incluiu o Registo das avaliações, a Lista de
problemas, o Esquema Terapêutico e o Histórico da consulta.
Os resultados do M1 indicam a presença de comportamentos aditivos, nomeadamente consumo de
tabaco e de substâncias ilícitas, evidenciando-se o consumo de cocaína e canábis. Os tratamentos para
desintoxicação de drogas no Estabelecimento Prisional foram utilizados por uma minoria. Os processos indicam
uma média elevada de diagnósticos físicos e mentais, registando-se um elevado recurso às terapêuticas
medicamentosas, a consultas e a apresentação de queixas médicas. No M2, registou-se uma diminuição na
afluência a consultas, nas queixas, nos internamentos e no número de diagnósticos.
Em suma, sendo uma população em crescimento, sobre-representada pela carência no acesso a
cuidados médicos adequados e a outros tipos de serviços de saúde antes da reclusão, os dados deste estudo
dão um contributo para conhecer os problemas de saúde existentes nas reclusas em Portugal. Estes dados
permitem que durante e depois do encarceramento se possam adoptar estratégias eficazes de prevenção e
tratamento. The prison environment is a singular concentration of people in an institution which is associated with frustration, violence, a bleak future as well as ongoing use of drugs, prospects of new incarceration and disruption of social & family ties. According to Crofts (1997) and Levy (1999) this mixture encourages behavior that leads to high health risks, drug dependence and mental disorders. If the conditions of incarceration may provide problems of physical and mental health, it is also recognized that at the time of reclusion these people may have health conditions weaker. In the case especially of the female population, a great part of the female prison population comes from disadvantaged families, where social inequalities emerge, reflected in a precarious health. This means that the prison can be an opportunity for these women to receive adequate health care. Some studies have tried to characterize the health status of women inmates using the account they do for their health, but very rarely resorted to objective data from clinical processes to describe. The present study aims at analyzing the health of prisoners that tends to improve or deteriorate with imprisonment. In a prison, we studied the health of 100 inmates using the reading of clinical data and analyzing data in two phases: in the 1st month of imprisonment (time 1 - M1) and the preceding month of the study (time 2 - M2). To analyze the information we constructed a grid that included a registration of assessments, a list of issues, a therapeutic scheme and the consultation history. The results indicate the M1 data indicate the presence of addictive behaviors, including tobacco and illicit substances, specially cocaine and cannabis. Treatments for drug detoxification in this prison were used by a minority. The cases indicate a high average diagnostic of physical and mental health, which are being monitored and treated, registering a high use of drug therapies, consultation and the exhibition of medical complaints. In M2, there was a decrease in the influx of consultations, complaints, hospitalizations and in the number of diagnostics display. In short, being a growing population over-represented by lack of access to adequate medical care and other health services prior to incarceration, the data from this study provide a contribution for a better understanding of the health problems in Portuguese prisons. These data allow that during and after incarceration it is possible to adopt effective strategies for prevention and treatment. |
Tipo: | Dissertação de mestrado |
Descrição: | Dissertação de mestrado integrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia da Saúde) |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/24307 |
Acesso: | Acesso aberto |
Aparece nas coleções: | BUM - Dissertações de Mestrado |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Ana Raquel Rego da Silva Cerqueira.pdf | 2,06 MB | Adobe PDF | Ver/Abrir |