Utilize este identificador para referenciar este registo:
https://hdl.handle.net/1822/10462
Título: | Variáveis psicológicas na lombalgia crónica : um estudo com doentes em tratamento de fisioterapia e acupunctura |
Autor(es): | Ferreira, Maria Salomé Martins |
Orientador(es): | Pereira, M. Graça |
Data: | 8-Jan-2010 |
Resumo(s): | A lombalgia é um problema muito comum de etiologia complexa que pode
desenvolver sintomas com componentes cognitivos, afectivos e comportamentais, para a
qual estão disponíveis várias formas de tratamento. Actualmente, pensa-se que estes
sintomas apenas podem ser compreendidos numa perspectiva biopsicossocial na qual a
dor é entendida como um fenómeno multifactorial, resultado da interacção de factores
fisiológicos, psicológicos e sociais.
Este estudo teve como finalidade estudar a lombalgia crónica em doentes em
tratamento de fisioterapia e de acupunctura. A amostra inclui 203 indivíduos dos quais
113 no grupo de fisioterapia e 90 no grupo de acupunctura. Trata-se de um estudo
descritivo, correlacional e transversal.
Os instrumentos utilizados na avaliação foram: “Revised Illness Perception
Questionaire” (IPQ-R); Questionário Modos de Lidar com a Dor; Questionário de
Satisfação do Utente (QUASU); Beliefs about Medicines Questionnaire (BMQ);
Reported Adherence to Medication Scale (RAM); Hospital Anxiety, & Deprression
Scale (HADS); Short-Form General Health Survey (MOS 20); Roland Morris Disability
Questionnaire (RMDQ); Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES
II).
Os resultados revelaram que os dois grupos de doentes em tratamento de
fisioterapia e acupunctura se distinguem ao nível das representações cognitivas da
doença (identidade, controlo e causas), representações dos fármacos e incapacidade
funcional.
Da análise das variáveis predictoras da qualidade de vida, verificamos que no grupo
de acupunctura, são predictores as habilitações literárias, depressão, ansiedade,
satisfação com as despesas, incapacidade funcional e pertencer ao tipo de família
extrema. A qualidade de vida é tanto maior quanto maior for o controlo de tratamento e
quanto maior for a satisfação com os cuidados recebidos e, tanto pior, quanto maior for
a identidade da doença, duração da doença, consequências da doença, representação
emocional da doença, causas da doença, ansiedade, depressão e incapacidade funcional.
No grupo de Fisioterapia, são predictores da qualidade de vida a depressão, ansiedade,
incapacidade funcional e consequências da doença. A qualidade de vida é tanto maior
quanto maior for o controlo de tratamento e, tanto pior, quanto maior a identidade, duração, consequências, coerência, representação emocional e causas da doença,
ansiedade, depressão e incapacidade funcional.
Da análise das variáveis predictoras da incapacidade funcional, verificamos no
grupo de acupunctura, que as variáveis que melhor predizem a incapacidade funcional
são a duração da doença, a coerência da doença e a qualidade de vida, enquanto no
grupo de fisioterapia, as variáveis que mais contribuem para a incapacidade funcional
são a qualidade de vida e as estratégias de alívio activo da dor.
A ansiedade e a depressão apresentaram-se como variáveis mediadoras entre a
incapacidade funcional e a qualidade de vida. A variável tipo de família apresentou-se
como variável moderadora na relação entre incapacidade funcional e qualidade de vida.
No grupo de acupunctura as variáveis que discriminam os doentes com
incapacidade funcional baixa dos doentes com incapacidade funcional alta, são a
qualidade de vida e a percepção das consequências da doença. Os doentes que
apresentam melhor qualidade de vida (total) e menor percepção das consequências da
doença são os que registam menor incapacidade funcional i.e. pertencem ao grupo de
incapacidade funcional baixa. No grupo de fisioterapia, as variáveis que discriminam os
doentes com incapacidade funcional baixa dos doentes com incapacidade alta são a
qualidade de vida, representação emocional da doença, ansiedade, depressão e
estratégias de alívio activo e de transformação da dor. Os doentes com representações
da doença mais negativas, mais depressão, mais ansiedade, mais estratégias de alívio
activo e de transformação de dor e menor qualidade de vida são os que pertencem ao
grupo com incapacidade alta.
As análises exploratórias revelaram que as variáveis como o género, idade,
estado civil, habilitações, frequência e intensidade da dor, toma da medicação e
percepção do estado de saúde actual têm impacto diferenciado ao nível das variáveis
psicossociais nos dois grupos considerados.
Os resultados do estudo têm implicações ao nível da abordagem do doente com
lombalgia crónica, nomeadamente na intervenção e treino de profissionais de saúde. Low back pain is a very common complaint of complex etiology that may develop symptoms with cognitive, affective and behavioral components, for which several treatments are available. Nowadays, it is accepted that these symptoms can only be understood in a biopsychosocial perspective, in which pain is understood as a multifactorial phenomenon, resulting from the interaction of physiologic, psychological and social factors. This study seeked to investigate chronic low back pain in patients receiving physiotherapy and acupuncture treatments. The sample consists of 203 individuals of which 113 were in the physiotherapy group and 90 in the acupuncture group. This is a descriptive, correlation and transversal study. The instruments used in the assessment were: "Revised Illness Perception Questionnaire" (IPQ-R); Means to Cope With Pain; Patient Satisfaction with Health care Services (QUASU); Beliefs about Medicines Questionnaire (BMQ); Reported Adherence to Medication Scale (RAM); Hospital Anxiety & Depression Scale (HADS); Shorts-Form General Health Survey (MOS 20); Roland Morris Disability Questionnaire (RMDQ); Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES II). Results showed that the two groups of patients in physiotherapy and acupuncture treatments revealed differences on illness’ representations (identity, control and causes), beliefs about medicines and functional incapacity. In the acupuncture group, the predictors of quality of life were: school qualifications, depression, anxiety, and satisfaction with expenses, functional incapacity and belonging to an extreme family. Quality of life is higher when treatment control and satisfaction with care are higher and is lower when illness identity, duration, consequences, emotional representation, causes of disease, anxiety, depression and functional incapacity are higher. In the physiotherapy group, the predictors of quality of life were: anxiety, functional incapacity and consequences of the disease. Quality of life is higher when treatment control is high and is lower when illness identity, duration, consequences, coherence, emotional representation, causes of the disease, anxiety, depression and functional incapacity are higher. In the acupuncture group, the predictors of functional incapacity were: disease duration, disease coherence and quality of life, whereas in the physiotherapy group the variables that mostly contribute to functional incapacity were quality of life and active pain relief strategies. Anxiety and Depression were shown as mediator variables between functional incapacity and quality of life and the variable type of family was shown to be a moderator in the relationship between functional incapacity and quality of life. In the acupuncture group, the variables that discriminate patients with low from high functional incapacity were quality of life and perception of illness consequences. The patients that present better quality of life (total) and lower perception of illness consequences belong to the group with low functional incapacity. In the physiotherapy group, the variables that discriminate patients with low from high functional incapacity are quality of life, emotional representation, anxiety, depression, active relief and pain transformation strategies. Patients with more negative illness representations, more depression, more anxiety, more active relief strategies and pain transformation and lower quality of life have more functional incapacity. Exploratory analysis revealed that variables such as gender, age, marital status, school qualifications, pain frequency and intensity, medication, and actual health perception have a differentiated impact on psychosocial variables in the two treatment groups considered. The results of this study have implications on how to deal with patients with low back pain particularly in terms of intervention and training of health professionals. |
Tipo: | Tese de doutoramento |
Descrição: | Dissertação de mestrado em Psicologia (área de especialização em Psicologia da Saúde) |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/10462 |
Acesso: | Acesso aberto |
Aparece nas coleções: |