A cidade feita e refeita, segundo Mercês Vieira e Camilo Cortesão [Coimbra, 1990-2021]

Abstract

Desde há três décadas, quando venceram o concurso para o novo polo da universidade, cuja instalação galvanizou um extenso subúrbio, que Mercês Vieira e Camilo Cortesão têm vindo a modelar o crescimento recente de Coimbra em direção a sul, para onde a cidade tem deslizado. Na sua intervenção podemos seguir os fios que permearam o debate urbanístico das últimas décadas, quando emergiu um desenho de proximidade que se revê em temporalidades elásticas e estratégias de projeto ancoradas em escalas múltiplas. Defendendo esta visão complexa, Mercês Vieira e Camilo Cortesão consideraram relações distantes e o irregular tecido pré-existente, e desenharam segundo cânones perenes, subvertendo-os cirurgicamente. Na linhagem concetual da cidade feita e refeita, em que o arruamento e o espaço público adquirem novas escalas e pertinências, fixaram uma ordem densa e serena, fortemente urbana, que acolhe as marcas a que o tempo conferiu identidade. A sua trajetória disciplinar em Coimbra tem compreendido, também, inúmeros projetos de arquitectura onde exploram temas diversos. Porque trabalham sobre uma realidade próxima integrada no contexto de uma visão ampla, também ela espacializada, têm criado pontos de irradiação abertos, insistindo na defesa de uma cidade cujo futuro, exatamente porque incerto, é importante referenciar através de alinhamentos estratégicos, necessários a uma sociedade que se deseja menos segregada, mais equitativa e mais responsável na eleição dos seus desígnios urbanos.