A nostalgia do passado: cultura e moda na China contemporânea

Abstract

Como o sociólogo francês Bourdieu afirmou, o capital económico determina o capital cultural. Ao mesmo tempo em que a China se tornou a segunda maior economia do mundo, os jovens chineses começaram a popularizar gradualmente a moda retrô da "cultura Hanfu”. Usam os trajes tradicionais da China antiga que, após serem redesenhados e modernizados, passaram a ser utilizados para sair às ruas, atraindo assim a atenção de muitas pessoas, seja num edifício antigo bem preservado na China, num shopping moderno e elegante ou até mesmo nas ruas do Japão, França, Alemanha e Itália. Ao longo dos anos, os chineses no estrangeiro estabeleceram associações de Hanfu ou associações cultural-étnica Han em todo o mundo, principalmente nas grandes cidades da Europa, Estados Unidos, Austrália e Canadá, mas também em pequenas ilhas como Curaçao, e este movimento cultural ainda está a crescer. Dentro da China, o rápido crescimento do movimento Hanfu e a crescente população Hanfu deu origem a muitas novas indústrias e empregos em torno deste tema cultural. Vale a pena notar que este grupo de pessoas que gostam de Hanfu, embora tenham passado por experiências de incompreensão, falta de apoio e até mesmo ridicularização, ainda acreditam firmemente que Hanfu se tornará um símbolo cultural poderoso no futuro. Após a ascensão da economia chinesa, esse grupo de jovens procurou com alguma urgência a confiança na cultura do país: os jovens usam ferramentas da moda para consolidar a identidade nacional. Algumas memórias culturais há muito esquecidas estão sendo por eles redescobertas, restauradas e promovidas. Os objetivos desta pesquisa são i) analisar os fatores de influência por trás dessa cultura da moda e daquilo que pretendem os grupos que dela participam; ii) investigar e comparar o desempenho de grupos culturais de Hanfu e outros grupos sub-culturais; iii) observar e compreender essa importante cultura pop da moda de hoje na sociedade chinesa.

As the French sociologist Bourdieu said, economic capital determines cultural capital. At the same time that China has become the second largest economy in the world, young Chinese people have gradually begun to popularize the retro fashion of "Hanfu culture". They wear the traditional costumes of ancient China, which after being redesigned and modernized, started to be worn to go out on the streets, thus attracting the attention of many people, whether in a well preserved ancient building in China, a modern and stylish shopping malls, or even on the streets of Japan, France, Germany, and Italy. Over the years, overseas Chinese have established Hanfu or Han cultural-ethnic associations all over the world, mainly in big cities in Europe, the United States, Australia, and Canada, but also on small islands like Curaçao, and this cultural movement is still growing. Within China, the rapid growth of the Hanfu movement and the growing Hanfu population have given rise to many new industries and jobs around this cultural theme. It is worth noting that this group of people who love Hanfu, although they have experienced misunderstanding, lack of support, and even ridicule, still firmly believe that Hanfu will become a powerful cultural symbol in the future. After the rise of the Chinese economy, this group of young people sought some urgency and confidence in the country's culture: young people use fashion tools to consolidate their national identity. Some long-forgotten cultural memories are being rediscovered, restored, and promoted by them. The aims of this research are: i) to analyze the influencing factors behind this fashion culture and what the groups participating in it want; ii) to investigate and compare the performance of Hanfu cultural groups and other sub-cultural groups; iii) to observe and understand this important fashion pop culture of today in Chinese society.