O equilíbrio entre a vida profissional e a vida extralaboral em teletrabalho: a perspetiva dos profissionais em início de carreira

Abstract

O presente estudo explora a perceção dos profissionais em início de carreira sobre o equilíbrio entre a vida profissional e a vida extralaboral em contexto de teletrabalho. A pertinência deste tema reside na elevada implementação do regime de teletrabalho em resultado da pandemia COVID-19 e, consequentemente, no potencial impacto sobre o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Por sua vez, este tema tem sido menos explorado junto da população de profissionais em início de carreira. Neste sentido, é utilizada uma abordagem interpretativista e uma metodologia qualitativa através da realização de entrevistas semiestruturadas a um conjunto de 17 profissionais, em início de carreira e em situação de teletrabalho parcial ou integral. Os resultados do estudo revelam que os profissionais em início de carreira identificam alguns aspetos resultantes do teletrabalho que dificultam o equilíbrio entre a vida laboral e a vida extralaboral. Porém, no seu entendimento, as vantagens deste regime de trabalho contrapesam. Em especial, os participantes consideram que é promovido o equilíbrio entre os domínios profissional e extralaboral em teletrabalho através da flexibilidade que este método de trabalho permite, verificando-se uma maior autonomia para realizar as tarefas laborais e não laborais. Porém, o teletrabalho em regime parcial é visto como preferível à sua vigência integral, sendo defendido que esta modalidade acaba por atenuar as dificuldades associadas ao teletrabalho. As conclusões do estudo sobressaem a importância da adaptação das condições de trabalho às necessidades dos colaboradores. Em particular, a flexibilidade do horário de trabalho em teletrabalho poderá ser muito valorizada pelas novas gerações, dada a perceção de que tal proporciona um melhor equilíbrio entre a vida laboral e extralaboral.

The present study explores the perception of early career professionals regarding work-life balance in the context of remote work. The relevance of this theme lies in the high implementation of working from home due to the COVID-19 pandemic and, consequently, the potential impact on work-life balance. On the other hand, this theme has been less explored among the population of professionals at the beginning of their careers. For this purpose, an interpretative approach and a qualitative methodology, were applied through the conducting of semi-structured interviews with a group of 17 professionals. These individuals are in the early stages of their careers and labor in partial or full-time remote-work regimes. The study’s results reveal that these early career professionals identify some aspects of remote work that hinder work-life balance. However, they understand that, the advantages of this work regime counterbalance the disadvantages. In particular, participants consider that remote work promotes a balance between the professional and personal domains through the flexibility this work regime allows, resulting in greater autonomy to carry out work and non-work tasks. Nevertheless, partial remote work is seen as preferable to full-time remote work, as it is argued that this approach helps relieve the difficulties associated with remote work. The study’s conclusions highlight the importance of adapting work conditions to the employees’ needs. In particular, the flexibility of telework schedules may be highly valued by younger generations, given the perception that it provides a better balance between work and personal life.