Determinantes da intenção de uso de práticas de telessaúde em Portugal: análise de um modelo preditivo de decisão do paciente

Abstract

A telessaúde é encarada como um mecanismo que permite providenciar serviços de saúde mais eficientes e centrados no paciente, adequados para pessoas que enfrentam barreiras físicas e económicas, melhorando o acesso a cuidados de qualidade. Simultaneamente, apresenta-se como uma solução inovadora e sustentável, que permite uma gestão mais adequada e equilibrada dos escassos recursos do setor da saúde e contribui para a estratégia de transformação digital (Martins et al., 2019). A telessaúde engloba uma panóplia de diferentes serviços relacionados com cuidados de saúde, um desses serviços corresponde às teleconsultas, ou seja, uma consulta fornecida por um profissional de saúde que se encontra num local diferente do paciente, recorrendo a diferentes tecnologias da informação e da comunicação. O objetivo deste estudo foi desenvolver um modelo holístico, teoricamente sustentado, para investigar e testar empiricamente os antecedentes da atitude e intenção de uso das teleconsultas por parte dos pacientes, favorecendo uma compreensão mais profunda sobre o tema. Na revisão de literatura efetuada, observamos análises detalhadas sobre questões relacionadas com a satisfação do paciente, obstáculos na implementação das teleconsultas ou vantagens na sua utilização, mas verificamos que ainda existe uma lacuna quanto aos antecedentes específicos, às suas relações e o impacto destas na tomada de decisão do paciente. Os dados empíricos foram recolhidos de 279 participantes, através de um questionário preenchido online, e foram analisados utilizando a modelagem de equações estruturais. Os resultados da nossa investigação sugerem que a Intenção de utilização futura de teleconsultas é influenciada pela Atitude perante a mesma, que por sua vez é determinada conjuntamente por vários constructos, nomeadamente a Utilidade, a Diversão tecnológica, a Influência social, a Eficácia da comunicação e a Segurança. A Facilidade de uso e o Risco percebido não se constituíram como fatores influentes e não foram suportados nesta investigação, o que demonstra uma mudança de comportamento e de necessidades dos potenciais pacientes. O modelo apresentado ajuda profissionais, administradores, gestores e académicos a desenvolver decisões de alta qualidade na futura aplicação das teleconsultas.

Telehealth is seen as a mechanism to provide more efficient and patient-centered health services, suitable for people who face physical and economic barriers, improving access to quality care. At the same time, it presents itself as an innovative and sustainable solution, which allows for a more appropriate and balanced management of scarce resources in the health sector and contributes to the digital transformation strategy (Martins et al., 2019). Telehealth encompasses a range of different services related to health care, one of which is teleconsultation, that is, a consultation provided by a health professional who is in a different location from the patient, using different information and communication technologies. The objective of this study was to develop a holistic model, theoretically supported, to investigate and empirically test the antecedents of the attitude and intention to use teleconsultations by patients, favoring a deeper understanding of the subject. In the literature review carried out, we observed detailed analyzes on issues related to patient satisfaction, obstacles in the implementation of teleconsultations or advantages in their use, but we verified that there is still a gap regarding the specific antecedents, their relationships and their impact on decision making. patient's decision. Empirical data were collected from 279 participants through an online questionnaire and were analyzed using structural equation modeling. The results of our research suggest that the Intention to use teleconsultations in the future is influenced by the Attitude towards it, which in turn is jointly determined by several constructs, namely Usefulness, Technological fun, Social influence, Communication effectiveness and the Security. Ease of use and Perceived risk were not influential factors and were not supported in this investigation, which demonstrates a change in behavior and needs of potential patients. The presented model helps professionals, administrators, managers and academics to develop high quality decisions in the future application of teleconsultations.