Ciber violência nas relações íntimas em adolescentes: validação do questionário Cyberdating Q_A

Abstract

A violência nas relações de intimidade (VRI) constitui um importante problema de saúde e social. A proliferação das práticas digitais tem suscitado desafios adicionais, incrementando outras tipologias de abuso íntimo, de que é exemplo a ciber violência nas relações de intimidade (C-VRI). O presente estudo visa adaptar e traduzir para a população portuguesa a Escala de Avaliação de Cyberdating Q_A (Sánchez et al., 2015), bem como analisar o impacto que a C-VRI tem nos adolescentes. A amostra foi composta por 249 participantes, com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos (M= 15.54, DP= 1.50), que relataram estar atualmente ou ter estado anteriormente envolvidos numa relação amorosa. No presente estudo, apenas três dos seis fatores da escala de avaliação do Cyberdating apresentaram características psicométricas adequadas. Identificaram-se elevadas prevalências de vitimação e perpetração de C-VRI (88.8% e 97.2%, respetivamente); as vítimas de C-VRI e as raparigas relataram um maior impacto psicológico comparativamente com não vítimas e rapazes, respetivamente. Esses resultados ressaltam a importância de abordar a C-VRI como uma questão de saúde e social, e destacam a necessidade de intervenções efetivas para prevenir e lidar com essa forma de abuso íntimo.

The violence in intimate relationships (VRI) constitutes a significant health and social problem. The proliferation of digital practices has raised additional challenges, increasing other typologies of intimate abuse, such as cyber violence in intimate relationships (C-VRI). The present study aims to adapt and translate the Cyberdating Assessment Scale Q_A (Sánchez et al., 2015) for the portuguese population, as well as to analyze the impact that C-VRI has on adolescents. The sample consisted of 249 participants, aged between 12 and 18 years (M = 15.54, SD = 1.50), who reported being currently or previously involved in a romantic relationship. In the present study, only three out of the six factors of the Cyberdating assessment scale showed adequate psychometric characteristics. High prevalence rates of victimization and perpetration of C-VRI were identified (88.8% and 97.2%, respectively); victims of C-VRI and girls reported a greater psycological impact compared to non-victims and boys, respectively. These findings emphasize the importance of addressing C-VRI as a health and social issue, highlighting the need for effective interventions to prevent and deal with this form of intimate abuse.