Do monopólio do saber à lógica de mercado: a profissão do académico

Abstract

As reformas educativas nas Instituições do Ensino Superior (IES) têm sido enquadradas num movimento de fundo em si controverso, que aproxima os desígnios do ensino e da investigação ao mundo empresarial. Epítetos de “universidade empreendedora” ou “capitalismo académico” expressam esse movimento de “empresarialização” académica. Recentemente, por força da pandemia da COVID-19, assiste-se a uma intensificação da utilização de dispositivos digitais nas práticas científico-pedagógicas. Neste processo, docentes e investigadores são compelidos a maior produtividade, a desempenho de funções gestionárias e de responsabilidade, para além das funções de docência e investigação. Importa refletir sobre as implicações de um crescente hibridismo de funções e da relação com o trabalho e a carreira profissional, com um víeis significativo para a desprofissionalização e precarização das relações de trabalho. Esta investigação poderá contribuir para o desenho e a reformulação de políticas públicas que permitam atenuar a tendência de “empresarialização” do ensino superior (ES) e hibridismo dos académicos e, ao mesmo tempo, restruturar o ensino e a investigação orientados para modelos de ensino e investigação alternativos.