As políticas governamentais de extrema-direita e da direita populista e o seu impacto económico

Abstract

Nos últimos anos, em consequência das diversas crises, económicas e migratórias, verificamos uma ascensão dos partidos de extrema-direita e da retórica populista em diversas partes do globo. A comunidade académica tem-se debruçado sobre as razões desta ascensão bem como sobre o seu impacto para a democracia. Havendo menos trabalhos que se focam no impacto económico dos partidos de extrema-direita e populistas de direita, pretende-se, com o presente trabalho, analisar algumas características centrais destes partidos, nomeadamente, o seu ceticismo em relação à globalização, ao multilateralismo e às instituições internacionais, e o seu apoio às políticas protecionistas, nacionalistas e anti imigratórias, e relacioná-las com o seu impacto económico. São analisados quatro casos: os EUA durante o governo de Donald Trump, a Hungria de Viktor Orbán, a Turquia de Recep Erdogan e a Áustria sob o partido FPO (Freiheitliche Partei Österreichs - Partido da Liberdade da Áustria) que governou em coligação. As evidências mostram que no mundo globalizado e cada vez mais interligado, a ação dos populistas de direita e partidos de extrema-direita aumenta as tensões entre os atores da comunidade internacional, nomeadamente, as tensões comerciais, e amplia a polarização política. Tensões económicas e polarização, por sua vez, aumentam a incerteza, que impacta negativamente nas economias nacionais, nos negócios e na economia global. Tal foi verificado nos casos dos governos de Donald Trump, Viktor Orbán e de Recep Erdogan. No caso do partido FPO na Áustria, não foram encontradas evidências claras quanto ao seu impacto na economia. No entanto, verifica-se uma tentativa de influenciar as políticas de imigração e a relação do país com a UE.

In recent years, as a consequence of the various crises, namely in the economic and migratory fields, a rise of far-right parties and populist rhetoric was seen in several regions of the globe. The academic community has focused on the reasons for this rise and its impact on democracy. As there is less research that focuses on the economic impact of far-right and right-wing populist parties, this dissertation aims to analyse some of the central characteristics of the said parties, specifically their scepticism towards globalisation, multilateralism, and international institutions, alongside with their support for protectionist, nationalist and anti-immigration policies, and relate them to their economic impact. Four cases are analysed: the US during Donald Trump's government, Viktor Orbán's Hungary, Recep Erdogan's Turkey and Austria under the FPO party (Freiheitliche Partei Österreichs - Freedom Party of Austria), which governed in coalition. Evidence shows that, in the globalised and increasingly interconnected world, the actions of right-wing populists and far-right parties increase tensions amongst actors of the international community, notably trade tensions, and amplify political polarisation. Economic tensions and polarisation, in turn, increase uncertainty, which negatively impacts national economies, businesses and the global economy. This has been verified in the cases of the governments of Donald Trump, Viktor Orbán and Recep Erdogan. In the case of the FPO, in Austria, no clear evidence of economic impact was found. However, an attempt to shape immigration policies and the country's relationship with the EU was noted.