Avaliação visual em crianças de idade escolar

Abstract

Objetivo: Analisar os erros refrativos, estado fórico, estereopsia e visão das cores de uma população de crianças portuguesas que ingressa no ensino primário. Pretende-se também avaliar a variação destes parâmetros visuais ao longo dos dois primeiros anos de escolaridade para uma parte desta população. Métodos: Um estudo observacional, de coorte prospetivo, foi realizado numa localidade do norte de Portugal, entre os anos de 2017 e 2019. Foram avaliadas 402 crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 8 anos (idade média de 6,03 ± 0,38 anos). Os valores de esfera, cilindro e eixo foram obtidos através do método de autorrefração sem a instilação de cicloplégico. Nas três visitas efetuadas, foram medidas as forias em visão de perto (método de Thorington), a estereopsia (Teste de Titmus-Wirt) e rastreada a visão das cores (Teste de Ishihara). Na terceira visita foram avaliadas novamente 102 crianças também avaliadas na primeira visita, usando os mesmos métodos. Resultados: A partir da amostra em estudo verificou-se que a emetropia é o estado refrativo mais prevalente (- 1,00 D < M < + 1,00 D e AV com a lente de + 1,00 D < 1.0) representando 54,5% da amostra, seguindo-se a hipermetropia e, por fim, a miopia (M ≤ - 1,00 D e AV monocular < 1.0), presentes em 42,8% e 2,7% das crianças, respetivamente. Não existiram diferenças estatisticamente significativas dos componentes vetoriais do erro refrativo com o género. Os restantes resultados revelam que 227 crianças são ortofóricas (56,5% da amostra), 250 crianças (62,3% da amostra estudada) apresentavam boa estereopsia (valores inferiores a 100’’) e quase a totalidade da amostra não apresentou alterações na visão cromática. Foi observada correlação entre as forias e a estereopsia. Conclusões: A emetropia foi o estado refrativo mais prevalente, seguida da hipermetropia. A ortoforia foi o estado fórico mais predominante e verificaram-se mais crianças com estereopsia inferior a 100’’ do que estereopsia com valores superiores. Com este trabalho também foi possível mostrar que existem variações refrativas, no estado fórico e na estereopsia das crianças, ao longo de dois anos do ensino primário.

Objective: To analyze refractive errors, phoric state, stereopsis and colour vision of a Portuguese children population that is entering primary education. It is also intended to evaluate the variation of these visual parameters over the first two years of schooling for a part of this population. Methods: An observational prospective cohort study, was carried out in a town in Northern Portugal between 2017 and 2019. 402 children were evaluated, aged between 5 and 8 years old (mean age 6,03 ± 0,38 years). The values of sphere, cylinder and axis were obtained by the autorefraction without cycloplegic instillation. It was measured, in the three visits, the phoria at near vision (Thorington method), stereopsis (Titmus-Wirt test) and screened the colour vision (Ishihara test). In the third visit, 102 children evaluated in the first visit were evaluated again, using the same methods. Results: From the study sample it was found out that emmetropia is the most prevalent refractive state (- 1,00 D < SE < + 1,00 D and VA with the + 1,00 D lens < 1.0) representing 54,5% of the sample, followed by hyperopia and, finally, myopia (SE ≤ - 1,00 D and monocular VA < 1.0), present in 42,8% and 2,7% of children respectively. There weren’t statistically significant differences in the vector components of the refractive error with the gender. The remaining results reveal that 227 children are orthophoric (56,5% of the sample), 250 children (62,3%) had good stereopsis (lower than 100’’) and almost the entire sample showed no changes in colour vision. It was observed the existence of correlation between the phorias and the stereopsis. Conclusions: Emmetropia is the most prevalent refractive state, followed by hyperopia. Orthophoria was the most predominant phoric state and more children were found to have stereopsis values below 100’’ than above that. With this work, it was also possible to show that there are refractive variations, in the phoric state and stereopsis of the children, over two years of primary school.