Matar aula e a resistência à escola construída pelos outros: uma aproximação ao estudo de caso no campus Natal-Central do IFRN

Abstract

No presente trabalho, partindo da escuta, principalmente, dos alunos do campus Natal Central do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFRN, pretendemos dar conta de conhecer o fenômeno de matar aulas, o qual parece se insurgir frente ao caráter formal e impositivo da instituição-escolar. Para compreender esta prática, partimos de um panorama dos processos de escolarização atualmente em curso no Brasil, por meio do qual buscamos perceber qual a situação atual do ensino médio (ensino secundário) no país, e as principais dificuldades enfrentadas pelas autoridades para o melhoramento da qualidade da educação brasileira. Em seguida, procedemos a uma problematização acerca do entendimento do que é, de fato, democratização do ensino, e dos efeitos colaterais que a universalização e a obrigatoriedade escolares trazem consigo, a exemplo da desvalorização dos diplomas. Ainda, pormenorizamos as percepções quanto às culturas juvenis, passando pela caracterização do ofício de alunos dos jovens, característica fundamental a todas as juventudes em idade escolar das sociedades ocidentais. Tentamos assimilar, outrossim, como se dão as tensões culturais entre as culturas do alunado e aquela valorizada pelas instituições de ensino, trabalhando também os sentidos de escola. Utilizando técnicas como o inquérito por questionário, as entrevistas, a análise documental e o grupo de discussão, obtivemos uma considerável quantidade de dados da instituição, oriundos de diversas fontes da escola: alunos, pedagogas, professores, técnicos administrativos e gestor escolar. Em posse desses dados, discorremos acerca das características, razões, fins e significados que a prática de matar aula (faltar às aulas) representa para esses diversos atores da escola, na perspectiva da resistência ao domínio supostamente mais autoritário dessa instituição.

In the present work, starting from listening, mainly from students on the Natal-Central campus at Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – IFRN, we intend to give an account of knowing the phenomenon of skipping classes which seems to rise up against the formal and imposing character of the school institution. To understand this practice, we start from an overview of the schooling processes currently underway in Brazil, through which we seek to understand the current situation of high school in the country, and the main difficulties faced by the authorities to improve the quality of Brazilian education. Then, we proceed with a questioning about the understanding of what is, in fact, democratization of teaching, and the side effects that universalization and compulsory schooling bring with it, such as the devaluation of diplomas. Still, we itemize the perceptions regarding youth cultures, passing through the job of students of young people characterization, like a fundamental characteristic for all school age youth in Western societies. We also try to assimilate how cultural tensions take place between the cultures of the students and those valued by educational institutions, also working on school senses. By using techniques such as the questionnaire survey, interviews, document analysis and discussion group, we obtained a considerable amount of data from the institution, from different sources in the school: students, pedagogues, teachers, administrative technicians and school manager. In possession of these data, we discuss the characteristics, reasons, ends and meanings that the practice of skipping classes represents for these different school actors, in the perspective of resistance to the supposedly most authoritarian domain of this institution.