Competência comunicativa oral. Desenho e sistematização de uma intervenção didática

Abstract

Desde os primórdios da civilização que a comunicação faz parte da nossa condição de seres sociais, sendo que a linguagem oral, concretizada na fala, é aquela que, desde muito cedo, nos permite cooperar com os outros membros da comunidade e expressar a nossa identidade. Neste âmbito, para um desempenho eficaz da competência comunicativa oral (CCO) é preponderante o papel da família, mas também é irrefutável o papel da escola na promoção de interações orais em contextos (in)formais. Constituem objetivos nucleares desta tese a construção, implementação e avaliação do impacto do programa de intervenção didática “Comunicação e expressão oral: falar, ouvir e ler no ensino básico – 7.º ano” (CEO–7) não só na competência comunicativa oral dos alunos, mas também no vocabulário e na competência social. Paralelamente, procurou-se analisar também a exequibilidade da operacionalização do CEO–7 por meio de uma estratégia de infusão curricular nas aulas de Português, avaliar a adesão dos alunos e dos professores e, ainda, obter indicadores que permitam identificar a duração mais adequada deste tipo de intervenções. O programa, que compreende 13 unidades didáticas, foi implementado pelos respetivos professores de Português em 4 turmas naturais (n = 67 alunos) de dois Agrupamentos de Escolas do norte de Portugal, em cerca de 20 sessões (90/100 min.). Para a prossecução dos objetivos definidos foi efetuado um estudo empírico de design quase-experimental. No final da intervenção, os testes MANCOVA e ANCOVA reportaram diferenças estatisticamente significativas entre grupos a favor do grupo experimental ao nível da CCO, assim como em cada uma das sub habilidades que a integram – verbais, paraverbais e não-verbais — após controlo das diferenças observadas no pré-teste. Ao nível do vocabulário, observou-se um efeito do grupo, assim como um efeito na interação “tempo x grupo” estatisticamente significativos, que traduzem a existência de diferenças no vocabulário entre o pré e o pós-teste, em função do grupo de pertença, a favor do grupo experimental. Por último, os resultados da ANOVA (mista) indicam que não houve um efeito principal significativo do grupo sobre a frequência e a importância atribuídas às habilidades sociais. Quanto à adesão ao CEO–7 por parte dos alunos, 88% considerou que o programa foi, no geral, bastante interessante. Já os professores consideraram o programa uma mais-valia para a concretização das atividades promotoras da CCO. Os resultados obtidos permitem afirmar que o CEO–7 é um recurso útil para o ensino explícito das habilidades de comunicação oral.

From the very beginning of civilization, communication is part of our condition as social beings, and oral language, materialized in speech, is the one that, from an early age, allows us to cooperate with other members of the community and express our identity. Therefore, for an effective performance of oral communicative competence (OCC), the role of the family is crucial, but the role of the school in promoting oral interactions in (in)formal contexts is also undeniable. The main objectives of this thesis are the construction, implementation and evaluation of the impact of the didactic intervention program “Communication and oral expression: speaking, listening and reading in elementary school – 7 th grade” (COE–7) not only on the students’ oral communicative competence, but also on their vocabulary and social competence. Simultaneously, we also sought to: analyse the feasibility of such a program through a strategy of curricular infusion in Portuguese classes, assess the students and teachers’ involvement, and obtain indicators to identify the most appropriate length of this kind of intervention. The program, which comprises 13 didactic units, was implemented by Portuguese Language teachers in 4 classes (n = 67 students) of two public middle schools located in Northern Portugal, in about 20 sessions (90/100 min.). A quasi-experimental research study was conducted in order to meet the targets. At the end of the intervention, the MANCOVA and ANCOVA tests reported statistically significant differences between groups, benefiting the experimental group in OCC total score, as well as in each of its sub-skills – verbal, paraverbal and non-verbal – after controlling for differences observed in the pre-test. In terms of vocabulary, a statistically significant group effect and a statistically “time x group” interaction effect were found, which reflect differences in students’ vocabulary between pre- and post-test, depending on the group of belonging, also benefiting the experimental group. Finally, the results of the (mixed) ANOVA indicate that there was no significant main effect of the group on social skills frequency and importance. As for the students’ involvement in the program, 88% considered it to be overall quite interesting. Teachers considered the program to be a valuable contribution for the implementation of activities promoting OCC. The results obtained allow us to state that the COE–7 is a helpful resource for the explicit teaching of oral communication skills.