Processamento sensorial na intervenção precoce: contributos de profissionais de terapia ocupacional da zona Norte de Portugal

Abstract

Este estudo tem como finalidade analisar e compreender o papel dos terapeutas ocupacionais no apoio às crianças com Disfunção do Processamento Sensorial e suas famílias, nas Equipas Locais de Intervenção Precoce. A partir desta finalidade foi desenvolvida uma pesquisa de natureza qualitativa e descritiva, através do uso de entrevistas semiestruturadas, como instrumento de recolha de dados. As entrevistas foram realizadas junto de dez terapeutas ocupacionais que exercem funções nas Equipas Locais de Intervenção Precoce da zona Norte de Portugal, há, no mínimo, um ano. Em geral, a partir das afirmações das participantes, pode-se concluir que as categorias de Modulação e de Práxis são as categorias das Disfunção do Processamento Sensorial mais identificadas nas Equipas Locais de Intervenção Precoce pelas terapeutas ocupacionais. As terapeutas referiram que as famílias consideram que as Disfunções do Processamento Sensorial interferem com o desempenho das crianças em algumas áreas de ocupação, nomeadamente nas atividades de vida diária e no brincar. Nas atividades de vida diária destacam maiores dificuldades na alimentação e na higiene pessoal. Salientaram ainda que os educadores de infância referem que as Disfunções do Processamento Sensorial influenciam a participação da criança na alimentação, na área do brincar, e nas atividades mais estruturadas e dirigidas pelo adulto. No intuito de transferir competências aos restantes elementos das Equipas Locais de Intervenção Precoce as Terapeutas Ocupacionais organizam formações internas para os profissionais, para as famílias e para os educadores de infância. Nestas formações tentam apresentar estratégias funcionais e práticas que otimizem o desenvolvimento e aprendizagem da criança nos seus contextos naturais. De acordo com as respostas da maioria das Terapeutas Ocupacionais, fica evidente a importância do trabalho colaborativo entre os vários profissionais e a família da criança apoiada na equipa, bem como o apoio que prestam nos contextos naturais e rotinas diárias da criança e da sua família.

This study aims to analyze and understand the role of occupational therapists in supporting children with Sensory Processing Dysfunction and their families, in Local Early Intervention Teams. From this purpose, a qualitative and descriptive research was developed, through the use of semi-structured interviews, as a data collection instrument. The interviews were conducted with ten occupational therapists who have worked in the Local Early Intervention Teams in the North of Portugal, for at least one year. Generally, from the statements of the participants, it can be concluded that the Modulation and Praxis categories are the categories of Sensory Processing Dysfunction most identified in the Local Early Intervention Teams by occupational therapists. The therapists reported that families consider that Sensory Processing Dysfunctions interfere with children's performance in some occupation areas, namely in activities of daily living and playing. In daily life activities, they stand out greater difficulties in food and personal hygiene. They also stressed that the childhood educators report that the Sensory Processing Dysfunctions influence the child's participation in food, in the play area, and in more structured and directed activities by the adult. In order to transfer skills to the remaining members of the Local Early Intervention Teams, Occupational Therapists organize internal training for professionals, families and early childhood educators. In these formations they try to present functional and practical strategies that optimize the child's development and learning in their natural contexts. According to the responses of most Occupational Therapists, the importance of collaborative work between the various professionals and the child's family supported by the team is evident, as well as the support they provide in the natural contexts and daily routines of the child and his family.