A construção da evidência histórica: concepções de alunos do 3.º ciclo do ensino básico e secundário

Abstract

Na área da educação histórica, o estudo das concepções sobre a evidência tem sido um desafio aceite por alguns investigadores em vários países. Pretende-se, com este estudo, compreender melhor o pensamento histórico dos alunos para poder potenciar o aparecimento de ideias mais sofisticadas nesta área da evidência, tão essencial para a construção do conhecimento histórico. O estudo, de natureza descritiva e com uma abordagem predominantemente qualitativa, utilizou o inquérito – um questionário seguido de entrevistas - aplicado a alunos do 8.º ano do Ensino Básico e do 11.º ano do Ensino Secundário, com idades entre 13 e 20 anos, para investigar as concepções de alunos sobre evidência histórica. Na análise de dados, processada segundo a Grounded Theory, construiu-se um modelo conceptual com base nas respostas dos alunos. As suas ideias sugerem seis níveis de progressão na concepção de evidência histórica: nível 1 – Evidência como cópia do passado; nível 2 – Evidência como informação; nível 3 – Evidência como testemunho ou conhecimento; nível 4 – Evidência como prova; nível 5 – Evidência restrita; nível 6 – Evidência em contexto. Na análise dos dados foi possível ainda apurar alguns indicadores das concepções que os alunos apresentam do papel do historiador e de outras concepções subjacentes – a concepção de passado e de História. Procurou-se, desta forma, compreender as ideias dos alunos no que respeita à produção histórica. O tratamento quantitativo dos dados facilitou a discussão de alguns resultados relevantes, como a distribuição da amostra pelos níveis de progressão, níveis de progressão por ano de escolaridade, por idade, por sexo e níveis de progressão por sexo e ano de escolaridade. Os testes estatísticos revelaram diferenças significativas de níveis de ideias sobre evidência entre os alunos do 8º e o 11º ano, bem como entre alunos de idades diferentes, sendo os alunos de 16 anos, do 11º ano de escolaridade, os que sugeriram níveis conceptuais mais sofisticados. Foi ainda possível obter dados sobre a frequência da utilização pelos alunos das fontes históricas apresentadas para discussão e da mobilização de conhecimentos prévios. Os resultados encontrados mostram a diversidade e oscilação de ideias sobre evidência em alunos de 3.º ciclo e ensino secundário e permitem adiantar sugestões para a utilização de fontes diversas em sala de aula de uma forma problematizadora.

In the field of history education the study of conceptions on evidence has been a challenge accepted by some foreign investigators in various countries. This study aims to better understand the students’ historical thinking to foster the emergence of more sophisticated ideas on evidence, an essential area for the construction of historical knowledge. In a descriptive, predominantly qualitative approach, an inquiry – a questionnaire followed by interviews - was employed to investigate 13 and 20 year-old 8th and 11th graders’ conceptions on historical evidence. In the data analysis according to the Grounded Theory, a conceptual model was generated based on the students’ responses. Their ideas suggest six levels of progression: level 1 – Evidence as a copy of the past; level 2 – Evidence as information; level 3 – Evidence as testimony or knowledge; level 4 – Evidence as proof; level 5 – Restricted evidence; level 6 – Evidence in context. Throughout the analysis of data it was also possible to infer some indicators of the conceptions the students present about the historian’s role and other subjacent conceptions – conceptions of the past and of History. In this way it was searched the understanding of students’ ideas concerning the historical production. A quantitative approach to data facilitated the discussion of some relevant results, such as the sample distribution by levels of progression, levels of progression by grade, age, sex and levels of progression by sex and grade. The statistical tests revealed significant differences of levels of ideas on evidence between 8th and 11th graders as well as through ages, being the 16-year olders attending the 11th grade those who suggested more sophisticated conceptual levels. It was also possible to get some data on the frequency of the use of the historical sources given and the mobilization of previous knowledge. The results that were reached out show the diversity and oscillation of ideas on evidence in students of the 3rd cycle and secondary school and allow for suggestions about the use of diversified sources in classroom in a challenging manner.