Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/69585

Título(In)certeza jurídica em tempos de pandemia: desafios ao Direito
Autor(es)Calheiros, Maria Clara
Palavras-chavePandemia
Certeza jurídica
Direito
Estado de Emergência
COVID-19
Data1-Dez-2020
EditoraUMinho Editora
CitaçãoCalheiros, Maria Clara (2020). (In)certeza jurídica em tempos de pandemia: desafios ao Direito. In Martins, M., Rodrigues, E., A Universidade do Minho em tempos de pandemia: Tomo III: Projeções. DOI: https://doi.org/10.21814/uminho.ed.25.2
Resumo(s)[Excerto] O mote das reflexões que partilho aqui com o leitor é a pandemia que se aba-teu sobre todos nós no ano 2020. Eu, como todos os demais, tenho a percepção de estar confrontada com uma situação nova, com contornos, consequências e alcance desconhecidos. No entanto, na realidade, trata-se de uma situação que se tem repetido ciclicamente na história da Humanidade e, nessa medida, é “nova” apenas no sentido em que, no nosso tempo de vida e no tempo de vida dos nossos pais e avós, nunca foi vivida, nem nos foi relatada, em discurso directo. De facto, se pesquisarmos, ainda que muito superficialmente, facilmente encontramos registos históricos, bem próximos no tempo, a propósito da pandemia que ficou conhecida mundialmente como “gri-pe espanhola”. De resto, porque se trata de um evento não tão distante assim, temos abundantes registos fotográficos que parecem ser uma versão a preto e branco das ima-gens que inundaram os nossos televisores e os écrans dos telemóveis e computadores: homens e mulheres de máscaras, hospitais de campanha, cemitérios esventrados pelas incontáveis covas abertas para a inumação dos mortos, etc.Dito isto, e continuando a usar o argumento de estarmos a viver um tempo que parece novo, mas não o é, descarto desde início a tese, a que muitos prontamen-te aderiram, de que esta é uma situação transformadora e que tudo será diferente a partir de agora. Com efeito, não faltaram opiniões, recetíveis para a vox populi, mas também com origem nas elites mais ou menos intelectuais, a vaticinar alterações radicais no nosso modo de vida, muitas vezes associadas a uma visão catártica da pandemia, como se por esta via o mundo estivesse a viver acontecimentos predesti-nados, com a finalidade salvífica de nos guiar para outro patamar de “consciência” (expressão favorita dos gurus que pululam as redes sociais), conduzidos que sería-mos, enfim, a uma reaproximação das famílias, a uma reaprendizagem dos valores, a um reaprendido respeito pela natureza e pelo “outro”. Confesso que talvez a minha deformação profissional, como jurista, me tenha tornado demasiado cínica e por isso tenha dificuldade em acreditar que a Humanidade consegue aprender lições e não repetir, uma e outra vez, erros do passado. Talvez, também por isso, continuo a gostar particularmente da frase de Lampedusa, em Il gatopardo: “Se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi.” Também nesta pandemia vejo as mudanças sobretudo como ajustamentos necessários para que, no essencial, tudo permaneça inalterado. [...]
TipoCapítulo de livro
URIhttps://hdl.handle.net/1822/69585
e-ISBN978-989-8974-29-7
DOI10.21814/uminho.ed.25.2
Versão da editorahttps://ebooks.uminho.pt/index.php/uminho/catalog/book/27
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:JusGOV - Livros e capítulos de livros
UMinho Editora - A Universidade do Minho em tempos de pandemia: Tomo III: (Projeções)

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
incerteza_juridica_pandemia_clara_calheiros.pdf259,62 kBAdobe PDFVer/Abrir

Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creative Commons Creative Commons

Partilhe no FacebookPartilhe no TwitterPartilhe no DeliciousPartilhe no LinkedInPartilhe no DiggAdicionar ao Google BookmarksPartilhe no MySpacePartilhe no Orkut
Exporte no formato BibTex mendeley Exporte no formato Endnote Adicione ao seu ORCID