Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/6407

TítuloEstudo da relação entre o stress e os estilos de vida nos estudantes de Medicina
Autor(es)Loureiro, Elizabete Maria Ferraz
Orientador(es)McIntyre, Teresa
Cardoso, Rui Mota
Data11-Jul-2006
Resumo(s)O presente trabalho pretende (1) caracterizar as principais fontes de stress académico dos estudantes da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) e a intensidade com que são experienciadas, (2) investigar as variações com o sexo, ciclo de formação e deslocação da residência de origem, no stress académico e variáveis psicossociais associadas e, (3) contribuir, pela primeira vez, para o estudo aprofundado do stress e estilos de vida dos estudantes de Medicina de uma das mais prestigiadas faculdades de Medicina portuguesas. Neste âmbito, apresenta-se uma revisão crítica da literatura através da qual se procura analisar os principais modelos conceptuais de stress e o stress ocupacional, assim como providenciar uma reflexão sobre as questões relacionadas com os aspectos desenvolvi mentais dos jovens aquando da transição para o ensino superior, os stressores no contexto universitário bem como os seus estilos de vida. O estudo empírico contou com uma amostra de 251 estudantes dos 6 anos da FMUP (160 do sexo feminino e 91 do sexo masculino), avaliados através dos seguintes instrumentos: (1) o Inventário de Fontes de Stress no curso de Medicina (lFSEM), o Inventário de Respostas e Recursos Pessoais (IRRP), (2) o Questionário de Hábitos de Saúde, (3) o General Health Questionnaire (GHQ-12) e (4) o Inventário de Comportamento Interpessoal-breve (lCI-breve). O IFSEM (31 itens) foi desenvolvido através de entrevistas a estudantes (n = 80) dos 6 anos da licenciatura. Também se recolheram dados bio¬fisiológicos das principais hormonas de stress (cortisol e catecolaminas) numa sub-amostra (n = 57) de estudantes do 1°, 3° e 5° anos. Em termos de caracterização dos níveis gerais de stress da amostra, verificou-se uma prevalência de 58.2% de sintomas de stress, sendo os estudantes do ciclo básico e os que se encontram deslocados das suas residências de origem, os que apresentam níveis mais elevados de stress. Em termos de estilos de vida, verificámos que 47% dos estudantes revelam comportamentos de risco para a saúde, sendo as áreas de maior preocupação os hábitos alimentares, a prática de exercício físico, o consumo de álcool e tabaco, e a imagem corporal. Foram testadas quatro hipóteses: na primeira hipótese, prevíamos um impacto significativo do género, ano de formação e local de residência, nas fontes de stress académico, na intensidade e respostas de stress, no comportamento interpessoal e nos estilos de vida experienciados pelos estudantes de Medicina, o que foi apoiado pelos dados obtidos. O sexo e o ciclo de formação revelam uma influência significativa nas variáveis estudadas, em que são as estudantes do sexo feminino que apresentam maiores níveis de stress académico, respostas de stress (ex. pressão excessiva, queixas físicas, ansiedade, raiva/frustração, ineficácia, depressão e perda de controlo) e baixa confiança no coping; já os estudantes do ciclo básico revelam maiores níveis de stress geral, stress na gestão dos estilos de vida (stress académico) e nas respostas de stress pressão excessiva e raiva/frustração. Na segunda hipótese testada, em que prevíamos um impacto significativo do género, ano de formação e local de residência, nos indicadores biológicos do stress, constatamos uma influência do sexo e ciclo de formação ao nível do cortisol (mais altos no sexo feminino) e da noradrenalina (mais alta nos estudantes do ciclo clínico). A hipótese 3 em que esperávamos uma correlação negativa, significativa entre a intensidade e as respostas de stress e os recursos de coping e a assertividade, assim como uma correlação positiva significativa entre a intensidade e as respostas de stress com os estilos de vida e a agressividade foi confirmada. Por fim, a quarta hipótese, previa que a confiança no coping e as competências interpessoais teriam um efeito moderador na relação entre o stress académico, os níveis gerais de stress, as respostas de stress e estilos de vida, foi apenas parcialmente comprovada: constatámos que, em termos gerais, a intensidade de stress académico, a confiança no coping e as competências interpessoais são predictores de determinadas respostas de stress. Verifica-se um efeito moderador do coping na relação stress académico - ineficácia e um efeito moderador da agressividade na relação stress académico - pressão excessiva, raiva frustração e níveis gerais de stress. Realizaram-se, ainda, algumas análises exploratórias para investigar a relação existente entre a variável sócio-demográfica (zona de proveniência dos estudantes), as variáveis académicas (o número de horas que os estudantes dedicam ao estudo; se pertencem ou não a alguma associação/grupo em termos extracurriculares) e as variáveis psicossociais estudadas. Observamos que os estudantes que não pertencem a nenhuma associação ou grupo em termos extracurriculares, manifestam mais stress académico, sobretudo no que concerne as exigências do curso, assim como níveis gerais de stress mais elevados. Esperamos que este estudo contribua para alertar para a necessidade de intervir junto dos estudantes de Medicina, no sentido de prevenir as consequências negativas do stress académico e melhorar o seu bem-estar e estilo de vida, promovendo recursos individuais e sociais importantes. Os dados também fundamentam a necessidade de rever o ensino da Medicina no sentido de diminuir as fontes de stress académico, favorecendo a boa adaptação dos alunos ao processo de ensino/aprendizagem. Espera-se ainda contribuir para melhorar a qualidade das intervenções realizadas, como também para encorajar a realização de mais investigação quer ao nível da Psicologia da Saúde, quer ao nível da Educação Médica. Ter em consideração estes resultados pode revestir-se de um importante significado, sendo que através do desenvolvimento do interesse e consciência das implicações e necessidades dos estudantes de Medicina, julgamos permitir um avanço para uma estratégia de intervenção e mudança efectiva, integrando os resultados obtidos com este trabalho num plano mais alargado do processo de transição e adaptação ao ensino superior, da educação médica e, consequentemente, na qualidade de vida dos jovens adultos, no que concerne aos seus estilos de vida.
The present study aims to (1) characterize the main sources of academic stress of the Medical School students of the University of Porto as well as the intensity with which they are experienced, (2) investigate the variations caused by gender, year of course and residence on academic stress and associated psychosocial variables, and (3) contribute, for the first time, to the understanding of stress and life-styles of medical students of one of the most prestigious Medical Schools in Portugal. A critical review of the literature is presented aimed at the analysis of the main conceptual models of stress and occupational stress, as well as to provide a reflection upon the developmental aspects of student transition to higher education, the main sources of stress in this context as well as their life-styles. The empirical study included a sample of 251 students from all 6 years of the course (160 females and 91 males), evaluated by the following instruments: (1) The Medical Sources of Stress Ranking List (IFSEM), (2) Portuguese version of the Brief Personal Survey (BPS), (3) Portuguese version of the General Health Questionnaire 12 (GHQ-1 2), and (4) the Portuguese version of the Interpersonal Behaviour Survey-Brief (ICI-Brief). The IFSEM (31 items) resulted from interviews conducted with 80 students from the FMUP. Bio-physiological data of the main stress hormones (cortisol and catecholamines) were also collected, in a sub-sample of 57 students form 1st, 3rd and 5th years. In terms of overall levels of stress (GHQ-12), a prevalence of 58.2% of clinically significant stress symptoms were found, with the students from the basic cycle and those who are living away from home, presenting higher levels of stress. In terms of life¬style, 47% of the students revealed health risk behaviours, with eating habits, physical exercise, alcohol and drug consumption, and body image being the main problem areas. Four hypotheses were tested: in the first hypothesis we anticipated a significant impact of gender, year of course and residence on the sources of academic stress, intensity of stress, stress responses, interpersonal behaviour and life-style, experienced by the Medical students, which was confirmed by the results. Gender and year of course seem to have a significant influence on the variables studied, being the female students those who present higher levels of academic stress, stress responses (pressure/overload, physical distress, anxiety, anger/frustration, inefficiency, depression and loss of control), and low levels of coping confidence; the students of the basic cycle reveal higher levels of stress in managing their life-style (academic stress), general stress symptoms, stress responses pressure/overload and anger/frustration. In the second hypothesis, which predicted a significant impact of gender, year of course and residence on the biological stress indicators, we found an influence of gender and year of course on cortisol levels (higher in female students) and noradrenaline levels (higher in students attending basic cycle). In hypotheses 3 a significant, negative correlation between stress intensity and responses and coping strategies and assertiveness, as well as a significant, positive correlation between stress intensity and responses with life-style and aggressiveness was expected and confirmed by the results. Finally, the fourth hypothesis which aimed to ascertain if coping confidence and interpersonal competencies had a moderating effect in the relationship between academic stress, general stress levels, stress responses and life-style, was only partially confirmed. In general terms, we observed that the intensity of academic stress, confidence in one's coping strategies and interpersonal skills are predictors of certain stress responses. A moderating effect of coping confidence in the relationship academic stress - inefficiency was verified as well as an effect of aggressiveness in the relationship academic stress - pressure/overload, anger /frustration and general stress levels. Further exploratory analyses were conducted to investigate the possible relationship between a social demographic variable (origin of student - rural or urban area), academic variables (number of hours students spent studying and if they participated in extra-curricular groups or associations), and the psychosocial variables studied. The results found that students that do not participate in any extra curricular groups or associations manifest more academic stress, especially regarding course demands, and reveal higher levels of overall stress. We hope that this study contributes to highlight the need of intervening with medical students in order to prevent the negative consequences of academic stress and improve their well-being and life-style, promoting important individual and social resources. The results also support the need to review the Medical curriculum in order to reduce academic sources of stress, favouring a better adaptation to the teaching and learning process We also hope to be able to contribute to the improvement of the quality of the interventions with this population as well as to encourage further research both in Health Psychology and/or Medical Education. Acknowledging these results may be important since through the fostering of interest and consciousness of the implications and needs of the Medical students, one may contribute to advance the effective intervention strategies, which are able to integrate the results obtained in the larger scope of the transition process and adaptation to higher education, of Medical Education and, consequently in the quality of life of these young adults, and their life style.
TipoDissertação de mestrado
DescriçãoDissertação mestrado Psicologia, área de especialização de Psicologia da Saúde
URIhttps://hdl.handle.net/1822/6407
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Dissertações de Mestrado

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
TESE DE MESTRADO 2006.pdf3,75 MBAdobe PDFVer/Abrir
Errata.pdf35,4 kBAdobe PDFVer/Abrir

Partilhe no FacebookPartilhe no TwitterPartilhe no DeliciousPartilhe no LinkedInPartilhe no DiggAdicionar ao Google BookmarksPartilhe no MySpacePartilhe no Orkut
Exporte no formato BibTex mendeley Exporte no formato Endnote Adicione ao seu ORCID