A força da palavra: a homilética nos séculos XVII e XVIII em tempo quaresmal

Abstract

A presente dissertação intenta examinar vinte e quatro sermões pregados no tempo quaresmal, na Idade Moderna, minudenciando o contexto social, económico, político e religioso em que os mesmos foram pregados e editados e o modo como se tentava influenciar pela prédica os fiéis a uma vivência mais consentânea com os valores da Sagrada Escritura. O trabalho de investigação realizado pretende contribuir para uma contextualização do tema A força da Palavra: a homilética nos séculos XVII e XVIII em tempo quaresmal no âmbito da cultura religiosa de sucessivas épocas históricas. Investigando-se nos mais diversos documentos, demos, contudo, um maior enfoque à pregação na época barroca. Demonstramos que no período moderno uma ampla difusão de documentos emanados da Santa Sé e das cúrias diocesanas, num movimento de contra-reforma, incidem na obrigatoriedade da pregação como meio para a doutrinação das massas pela razão e pela sensibilidade, pelo deleite intelectual, pelo terror e pela piedade. Assim, pela exibição dos dotes de orador sacro, o pregador incutia determinadas posturas e comportamentos e disseminava valores religiosos e morais, servindo-se, também, muitas vezes do púlpito para explanar questões políticas e comentar mundividências.

The purpose of this is dissertation is to study twenty-four sermons preached during the Lent in the Early Modern Age, detailing the social, economic, political and religious context in which they were preached and edited. We are also showing the ways by which the the faithful could be influenced, by means of the preaching, to a more adequate experience in line with the values of the Scriptures. This work, whilst pathing several bibliographic references, intends to contextualize the readers on the subject: The strength of the Word: the homiletics in the XVII and XVIII centuries during Lent among the religious culture of each historical epoch. Investigating several documents of Early Modern Age, we have given, however, a greater focus to preaching in the Baroque period. We have demonstrated that preaching in the modern period, whilst resenting from a wide dissemination of documents emanating from the Holy See and also from the diocesan curiae, in a movement of counter-reform, consisted fundamentally in the obligation of preaching as a means for the indoctrination of the masses via reason and sensitiveness. It was meant to inspire rather antagonistic feelings such as intellectual delight, terror and piety. Thus, preaching showed skills of sacred eloquence, by which the preacher stimulated and nurtured postures and behaviors and disseminated religious and moral values, often resorting to power of the pulpit to explain political issues and offer comments on worldviews.