Consumo de álcool na transição do ensino secundário para o ensino superior

Abstract

O consumo de álcool converteu-se num problema grave de saúde pública. O aumento de consumo de álcool por parte dos jovens pode explicar-se pela conjugação dos fenómenos de enraizamento das tradições culturais e das realidades de socialização. Por sua vez, os desafios, as exigências e as mudanças implícitas ao acesso e adaptação dos estudantes ao Ensino Superior (ES) surgem na literatura como variáveis associadas ao aumento do consumo de álcool no decurso do 1º ano. O presente estudo junto de uma amostra de estudantes universitários do 1º ano procurou compreender de que modo o ingresso no ES pode influenciar os hábitos de consumo de álcool por parte dos jovens e a alteração das perceções dos mesmos jovens sobre os efeitos do consumo do álcool. Neste sentido, um questionário foi aplicado em dois momentos diferentes à presente amostra: o primeiro momento foi no ato da matrícula para os alunos que acabaram de ingressar na Universidade do Minho (Campus de Gualtar e Campus de Azurém); e o segundo momento de avaliação ocorreu seis/oito semanas após o ingresso no ES. O questionário, para além de uma caracterização dos estudantes, incluía questões alusivas ao tipo de bebidas alcoólicas consumidas, aos locais ou contextos de consumo, e às suas atitudes favoráveis ou desfavoráveis em relação aos efeitos do álcool (perceções). A média de idade de experimentação de consumo de álcool no género masculino e no género feminino situa-se nos 15 anos, o que corresponde à transição do ensino básico para o ensino secundário. O consumo de álcool no momento da entrada no ES entre os géneros é muito semelhante. Na primeira fase em que implementamos o questionário as estudantes do género feminino apresentam médias mais elevadas nos itens relativos a percepções negativas do consumo do álcool, enquanto os rapazes apresentam médias mais elevadas nos itens relacionados com percepções positivas do consumo de álcool. Ou seja, para os rapazes o consumo de álcool tem diversas vantagens (por exemplo: a nível social, a nível de aliviar o stress, a sentir mais confiança, …), porém as raparigas pensam que o álcool tem mais desvantagens do que vantagens. Contudo, no segundo momento em que implementamos o questionário, verifica-se uma alteração nas percepções de consumo por parte dos estudantes, existindo um aumento das percepções positivas no consumo de bebidas alcoólicas. Este aumento das percepções favoráveis quanto aos efeitos do álcool parece acompanhar o aumento verificado nos consumos de bebidas alcoólicas pelos estudantes quando se avança do momento de entrada na universidade para 6/8 semanas de frequência.

Alcohol consumption has quickly risen into becoming a severe public health issue. It is likely that this increase among the youth, is due to cultural traditions and the effects of socialization. In turn, the challenges, demands and transitions that accompany the access and adaptation to higher education are referenced in the literature as variables associated with an increase in alcohol consumption among 1st year college students. The present study considered a sample of 1st year students and tried to understand in which ways such processes can influence the drinking habits of younger individuals, and how their perspectives may shift along some time. To achieve this, a query was handed out during two different time periods: the first was during the sign up periods for students who had entered the Minho University (both Gualtar and Azurém Campuses); the second time period would be six to eight weeks afterwards, during the evaluation periods. The query, aside from a short description of the student, would ask about the places and contexts where he/she would drink, and the attitudes (both positive and negative) about the effects of drinking. In average, the “experimentation” phase of alcohol in both genders was at the age of fifteen, which corresponds to the transition period between elementary and secondary education. In higher education, the alcohol consumption among both genders was roughly the same. During the first phase, female students revealed to have had a more negative attitude towards consumption of alcoholic beverages, while male students revealed the opposite. As such, male students seem to have a more positive attitude towards alcohol consumption for a vast array of situations (for example: socializing, stress relief, confidence building…), while female students believe alcohol brings about more negative aspects than positive. However, during the second phase, there was a notable increase in positive perception and attitude towards alcoholic consumption, as well as an increasing in the level of alcohol consumption during initial weeks in college (approximately six to eight weeks after starting higher education).