Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/4878

TítuloDo stress e ansiedade às emoções no desporto : da importância da sua compreensão à necessidade da sua gestão
Autor(es)Dias, Cláudia S.
Orientador(es)Cruz, José Fernando A.
Fonseca, António Manuel
Data2005
Resumo(s)O presente trabalho abordou, ao longo de cinco estudos, o tema do stress, emoções e confronto no contexto desportivo. Nos três primeiros estudos participaram 550 atletas de diversas modalidades e de ambos os sexos, dos escalões juvenil, júnior e sénior. O principal objectivo do primeiro estudo consistiu em avaliar as propriedades psicométricas das versões portuguesas da Sport Anxiety Scale (R. E. Smith et al., 1990), e do Brief COPE (Carver, 1997), bem como a versão traço da Escala de Avaliação Cognitiva – Percepção de ameaça (Cruz, 1994), recorrendo, para o efeito, à técnica de Análise Factorial Confirmatória. As análises realizadas confirmaram as boas características psicométricas destes instrumentos e a sua potencial utilidade para a investigação e intervenção psicológicas futuras em contextos desportivos. O segundo estudo procurou, junto da mesma amostra e com recurso aos instrumentos, analisar os níveis de ansiedade e de avaliação cognitiva de percepção de ameaça, bem como as estratégias de confronto utilizadas pelos atletas portugueses. Os resultados obtidos evidenciaram a experiência, natural, de stress, ansiedade e pressão psicológica, por todos os atletas, independentemente do sexo, escalão competitivo ou tipo de desporto. Foi também evidente que os atletas recorriam a um vasto leque de estratégias de confronto para lidarem com situações problemáticas e stressantes, com preferência por estratégias adaptativas. Comparativamente aos atletas do sexo masculino, as atletas do sexo feminino pareciam exibir níveis significativamente mais elevados de ansiedade e percepção de ameaça e recorrerem a estratégias de confronto menos eficazes. Além disso, os atletas de modalidades individuais apresentaram níveis mais elevados de ansiedade e percepção de ameaça do que os atletas de modalidades colectivas e os atletas mais jovens (juniores/juvenis) revelaram empregar estratégias menos eficazes do que os atletas do escalão sénior. Análises discriminantes sugeriram uma estreita relação entre stress, ansiedade e confronto: atletas com alto e baixo traço de ansiedade podiam ser diferenciados com base no nível percepção de ameaça experienciado e estratégias de confronto, enquanto que atletas que exibiam alto e baixo traço de percepção de ameaça eram diferenciados pelo nível de ansiedade em combinação com as estratégias de confronto usadas. Na sequência destes resultados, o terceiro estudo procurou, recorrendo à análise das correlações canónicas, determinar as estratégias de confronto específicas associadas às diferentes dimensões de ansiedade somática e ansiedade cognitiva, bem como à avaliação cognitiva de percepção de ameaça. Os resultados forneceram evidências relevantes da (in)eficácia de diferentes estratégias no confronto com a ansiedade cognitiva (preocupação e perturbação da concentração) e a percepção de ameaça. No quarto estudo participaram 54 atletas seniores das modalidades de andebol, voleibol e hóquei em campo e, para além dos instrumentos dos estudos anteriores, foi também utilizada uma versão traduzida e adaptada para a língua portuguesa do Competitive State Anxiety Inventory–2 (CSAI–2; Martens, Burton et al., 1990), a versão estado da EACC-PA (Cruz (1994) e o Inventário de Emoções no Desporto, construído por Cruz (2003b), com base na teoria cognitivo-motivacional-relacional de Lazarus (1991a, 2000a,b). Este estudo pretendeu identificar e analisar as emoções (ansiedade, irritação/raiva, vergonha, culpa, orgulho, felicidade/alegria, alívio e esperança) e principais fontes de percepção de ameaça experienciadas por atletas portugueses em situações pré-competitivas, averiguar a existência de diferenças, nestas variáveis, em atletas de ambos os sexos e em atletas com diferentes percepções relativamente à complexidade do evento desportivo, por último, pretendia-se analisar a relação entre o estilo de confronto preferido pelos atletas – operacionalizado em diferentes estratégias – e a percepção de ameaça e emoções pré-competitivas. Os atletas relataram experienciar, antes das competições, níveis mais elevados de emoções positivas que negativas. Não foram encontradas diferenças significativas nas emoções experienciadas pelos atletas dos diferentes sexos, mas os atletas que percepcionavam um elevado grau de complexidade relativamente à competição evidenciaram níveis significativamente mais elevados de esperança e ansiedade do que os atletas que a viam como pouco complexa. Foi também evidente uma estreita relação entre as variáveis psicológicas do tipo traço – ansiedade, percepção de ameaça e confronto – e os estados mais transitórios de percepção de ameaça e emoções pré-competitivas, num padrão mais evidente para as emoções negativas. O quinto estudo recorreu a uma metodologia de investigação qualitativa para examinar, em 11 atletas e 6 treinadores de elite, as características/competências psicológicas mais importantes para o sucesso desportivo, as principais fontes de stress e ansiedade, as estratégias de confronto utilizadas em situações stressantes e outras emoções, para além da ansiedade, relacionadas com o desempenho desportivo. Os resultados foram consistentes com os dados das investigações quantitativas anteriores, mas os atletas e treinadores também revelaram estratégias de confronto (ex: auto-controlo emocional/redução da tensão ou isolamento) e emoções (medo e tristeza) não contempladas nos instrumentos quantitativos utilizados. Por último, são sugeridas algumas implicações teóricas e conceptuais, bem como algumas implicações para a investigação e intervenção em contextos desportivos.
The present work, which includes five studies, examines stress, emotions and coping in the sport context. In the first three studies, 550 athletes from different sports, competitive levels and both sexes, have participated. The main goal of the first study was to assess the psychometric properties of the portuguese versions of the Sport Anxiety Scale (R. E. Smith et al., 1990), Brief COPE (Carver, 1997), as well as of the trait version of the Cognitive Appraisal Scale – Threat perception (Cruz, 1994), through confirmatory factor analysis. The results have confirmed the good psychometric properties of such measures and their potential utility to future psychological research and intervention in sport contexts. The second study intended, in the same sample and with the same measures, to analyze trait anxiety, trait threat perception, and coping strategies used by portuguese athletes in stressful situations, as well as to assess differences between athletes from different sexes, competitive levels and kinds of sport. In addiction, we pretended to identify the factors and/or psychological variables that better discriminated athletes with high and low trait anxiety, and high and low threat perception levels. The results showed that all athletes experienced stress, anxiety and psychological pressure, and used a variety of coping strategies, with a special preference for adaptative strategies. However, female athletes displayed higher levels of anxiety and threat perception, and less use of adaptative coping strategies than male athletes. In addiction, athletes from individual sports reported higher levels of anxiety and threat perception than athletes involved in collective sports and younger athletes seemed to use less efficacious coping strategies than older athletes. Discriminant analysis suggested a high relationship between stress, anxiety and coping: athletes with high and low trait anxiety seemed to be differentiated by threat perception level and coping strategies; on the other side, athletes with high and low threat perception trait seemed to be discriminated by the level of anxiety and coping strategies. The goal of the third study was to analyze, in a more fine research, the relationship between coping strategies and the different anxiety dimensions (somatic and cognitive), as well as threat perception. Canonical correlations offered some relevant evidences of the lack of efficacy of different coping strategies in relation with cognitive anxiety and threat perception. In the fourth study, 54 athletes of handball, volleyball and field hockey completed, in addiction to the previous studies’ measures, the Competitive State Anxiety Inventory–2 (CSAI–2; Martens, Burton et al., 1990), the state version of Cognitive Appraisal Scale – Threat perception (Cruz, 1994) and a Sport Emotions Inventory developed by Cruz (2003b), based on the cognitive-motivational-relational theory (Lazarus, 1991a). The purpose of this study was to examine emotions (anxiety, anger, shame, guilt, pride, happiness, relief and hope) and the main sources of threat perception experienced by portuguese athletes in pre-competitive situations, as well as the relation between trait variables (anxiety, threat perception and coping) and state measures (emotions and threat perception). The athletes reported experiencing, before the competition, higher levels of positive emotions than negative emotions. When examining the hypothesis that athletes of differing genders would experience different pre-competitive emotions and threat perception levels, no significant differences were found. However, the athletes that perceived a higher level of difficulty and importance before the competition, in comparison with the athletes that perceived lower levels of difficulty and importance, experienced significantly higher levels of hope and anxiety. It was also evident a strong relationship between trait psychological variables and state variables of threat perception and precompetitive emotions, more evident in negative emotions. In the final study, a qualitative research methodology was used, in which 11 elite athletes and 6 elite coaches were interviewed. The importance of psychological skills for sport success, sources of stress and anxiety, coping strategies and emotions related with sport performance were studied. Results were consistent with data from the previous quantitative studies, but athletes and coaches also reported some coping strategies (e.g., emotional self-control, escape) and emotions (fear and sadness) not assessed by the used quantitative measures. Some conceptual and theoretical implications are suggested, as well as some practical discussion for psychological interventions in sport contexts.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoDissertação de doutoramento em Psicologia do Desporto.
URIhttps://hdl.handle.net/1822/4878
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento

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