Utilize este identificador para referenciar este registo:
https://hdl.handle.net/1822/48630
Título: | Políticas de educação, políticas de língua, identidade nacional e a construção do estado em Timor-Leste |
Outro(s) título(s): | Policies of education, language policies, national identity and state building in East Timor |
Autor(es): | Indart, Karin Noemi Rühle |
Orientador(es): | Silva, Manuel António Ferreira da |
Data: | 25-Set-2017 |
Resumo(s): | Esta investigação situa-se de forma mais ampla no campo da sociologia da educação,
campo que permite construir um olhar crítico construtivo das escolhas coletivas feitas
ao longo dos anos de autonomia política e de gestão na sociedade timorense e
consequências das mesmas dentro da sociedade.
Todas as grandes mudanças políticas em Timor-Leste representaram mudanças de
língua oficial e instrucional. Portanto, não há como ignorar as questões relacionadas
com as políticas linguísticas no país e suas implicações práticas na sociedade mais
ampla e no sistema educativo em particular. Este trabalho propôs-se a analisar as
consequências destas decisões políticas após a independência no processo de
reintrodução da Língua Portuguesa e sua relação com um contexto multilíngue como o
timorense. As línguas coexistentes em Timor constituem claramente modelos sociais de
identificação (e de interpretação e de conceptualização do mundo) que no momento
podem ser bastante fluídos, uma vez que os movimentos políticos em Timor-Leste
foram frequentes e intensos nessas últimas décadas e modelos sociais de identificação
linguística ou se renovaram ou se tornaram cada vez mais irrelevantes em dado
momento.
Pretendemos aqui observar como essas transições de língua instrucional impactam a
sociedade e o sistema educativo; como a hierarquia interna de línguas afeta a identidade
nacional e a própria construção do Estado; e como as línguas – oficiais - relacionam-se
com o mito de origem da nação e a narrativa mitológica governante, para ao final,
analisar o grau de assimilação e acomodação da sociedade timorense atual à ideologia e
identidade linguística nacional intencionada pelos fundadores da nação, assim como à
própria mitogênese dominante do Estado-nação timorense.
A perspectiva desta análise está focada em executores particulares dessas políticas
definidas na Constituição, a saber: os ex-Ministros da Educação e alguns diretores do
Ministério da Educação responsáveis pela capacitação dos professores e gestão do
sistema educativo, ex-reitores e ex-Decanos da Faculdade de Educação, Artes e
Humanidades da Universidade Nacional Timor Lorosa’e. As informações foram
categorizadas e organizadas via análise de conteúdo e posteriormente interpretadas
através da análise do discurso, entendida esta como o estudo das atitudes das fontes
relativamente ao objeto que incide sobre os juízos formulados pelo locutor.
Concluímos que Timor-Leste se configura claramente como um rico e dinâmico
contexto multilíngue em que, apesar da Língua Portuguesa constituir a mais alta posição
na hierarquia de línguas, nunca se imaginou uma nação ou mesmo um Estado
monolíngue. Os gestores da política linguística do novo Estado não reagem à
manutenção do multilinguísmo nativo ou do plurilinguísmo pragmático, pelo contrário a
defendem para o desenvolvimento pleno da identidade nacional e até mesmo a utilizam
para o panorama mitológico atual. Contudo, opõem-se à mobilidade hierárquica das
línguas em questão, uma vez que consideram esta mobilidade artificial, idealizada por
agentes externos e não pertencente ao imaginário local de Estado-nação. This research is located more broadly in the field of sociology of education, field with a constructive critical eye of the collective choices made over the years of political and management autonomy in Timorese society and the consequences of them within society. All major political changes in East Timor accounted for changes in official and instructional language. So there is no way to ignore the issues related to language policies in the country and its practical implications for teaching and learning. This proposed work to define concepts and analyse consequences of policy decisions after independence in the process of reintroduction of the Portuguese language and its relationship in the multilingual context of the country. Coexistent languages in Timor clearly constitute social models of identification, who at the time can be quite fluid, as political movements in East Timor were frequent and intense in recent decades and social models of linguistic identification or renewed or have become increasingly irrelevant at some point. We intend here to observe how these instructional language transitions impact the society and the educational system; how the internal hierarchy of languages affects national identity and the actual construction of the state; and how official languages are related to the nation's origin myth and the ruling mythological narrative; and finally, analyse the degree of assimilation and accommodation of the current Timorese society ideology and national linguistic identity intended by the founding fathers, as well as the very dominant myth genesis of the Timorese nation-state. The perspective of this analysis is focused on executors of these policies defined in the Constitution, namely the ex-Ministers of Education and some directors of Ministry of Education responsible for the training of teachers and management of the education system, and ex-rectors ex-deans of Faculty of Education, Arts and Humanities of the Universidade Nacional Timor Lorosa’e. The information was categorized and organized via content analysis and then inferred through discourse analysis as a study of the source attitudes towards the object that focuses on the judgments made by the speakers. We conclude that Timor-Leste is clearly set in a rich and dynamic multilingual context, where, despite the Portuguese language constitute the highest position in the hierarchy of languages, never was imagined as a monolingual nation or a monolingual state. The managers of the new language policy of the State, did not react to the maintenance of native multilingualism or pragmatic multilingualism, on the contrary defend it to the full development of national identity and even use it to view current mythscape, however, are opposed to the hierarchical mobility of the languages in question, since they consider it an artificial mobility, created by external agents and not belonging to the native imaginary of the nation-state. |
Tipo: | Tese de doutoramento |
Descrição: | Tese de Doutoramento em Ciências da Educação (Especialidade em Sociologia da Educação) |
URI: | https://hdl.handle.net/1822/48630 |
Acesso: | Acesso aberto |
Aparece nas coleções: |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Karin Noemi Ruhle Indart.pdf | 4,88 MB | Adobe PDF | Ver/Abrir |