Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/48618

TítuloDecision-making processes in child abuse situations
Autor(es)Santos, Ana Isabel Fernandes dos
Orientador(es)Lopes, João A.
Silva, Joana Rodrigues Arantes da
Data10-Jul-2017
Resumo(s)Os maus-tratos infantis constituem um problema social, real e complexo, com consequências profundas tanto para as crianças como para as suas famílias, a curto e longo prazo. Por esta razão, é essencial entender as decisões dos profissionais que visam proteger as crianças e os jovens em risco após a ocorrência de maus-tratos infantis. A presente tese surge como uma tentativa de compreender melhor esta realidade. É constituída por três estudos que têm como denominador comum os processos de tomada de decisão em situações de maus-tratos infantis. Especificamente, procurou compreender-se a posição de diferentes intervenientes como, por exemplo, juízes e psicólogos no que respeita a situações de maustratos infantis. Por ser um processo moroso e complexo com uma multitude de informação disponível, é importante compreender o processamento dessa mesma informação e possíveis influências associadas. A tese é composta por três estudos: Uma revisão da literatura e dois estudos empíricos. O primeiro estudo assume-se especificamente como uma revisão sistemática da literatura que foca as características que podem influenciar a decisão dos juízes (e.g., características dos juízes), bem como os modelos que, eventualmente, esses profissionais utilizam como orientação no momento da tomada de decisão. Foi possível verificar alguma consistência quanto à referência de algumas características situacionais que influenciam significativamente o processo de tomada de decisão, como os fatores relativos aos juízes (e.g., religião), à vítima (e.g., idade), ao ofensor (e.g., género) e ao contexto (e.g., regras e leis). Apesar de existir uma tendência de utilização de modelos que abrangem os sistemas legal, político e social e também os valores pessoais, a revisão sistemática sugere a inexistência de um modelo consensual que represente o processo da tomada de decisão dos juízes na íntegra. O segundo estudo aborda a opinião de diferentes profissionais habitualmente envolvidos no processo de tomada de decisão de situações de maus-tratos infantis (e.g., psicólogos, assistentes sociais). Analisou-se não só a perspetiva dos participantes relativamente à panóplia de serviços disponibilizados na realidade portuguesa como também face aos diferentes profissionais envolvidos. Foi ainda estudada a opinião relativa a um conjunto de características específicas das situações de maus-tratos infantis (e.g., psicopatologia dos pais). Características como a gravidade, duração e recorrência do abuso foram consideradas as mais importantes, sendo a menos importante das variáveis em estudo o nível socioeconómico das famílias. Foram ainda encontradas associações significativas entre diversas variáveis em estudo, nomeadamente profissão dos participantes e serviços sugeridos e local de trabalho e características situacionais. O terceiro estudo constituiu uma análise comparativa quanto ao papel da experiência académica na tomada de decisão. Especificamente, foram comparados os processos de tomada de decisão de alunos de Direito e de sujeitos sem formação jurídica específica, no que diz respeito a situações de menores em risco. Foram alvo de estudo questões como a retirada da criança da família, a confiança na decisão e também a posição (ranking) quanto a um conjunto de características específicas das situações de maus-tratos infantis (e.g., gravidade do abuso). Os resultados mostraram que existem diferenças significativas na confiança na decisão tomada e no ranking das características, mas não na decisão final. No seu conjunto, os três estudos permitiram não só confirmar a complexidade das tomadas de decisão específicas destas situações, mas também perceber a necessidade de se construir um modelo abrangente e integrativo dessas mesmas tomadas de decisão, que possa servir de organizador do processo, quer para os decisores, quer para as instituições envolvidas. É importante que os próprios profissionais compreendam o processo da sua tomada de decisão específica. A título de exemplo, a partir dos modelos explicativos da tomada de decisão, os juízes poderão tentar perceber a que informações conferem mais importância ou ponderar sobre as informações a incluir em casos específicos, entre outros aspectos. Relativamente a outros profissionais como psicólogos e assistentes sociais, este trabalho permite um olhar externo às suas decisões. É possível realizar um levantamento informal do processo de tomada de decisão dos profissionais, percebendo, por exemplo, potenciais influências ao longo do mesmo. Espera-se por isso que os contributos desta tese sejam passíveis de aplicação no dia-a-dia. Por último, é importante refletir sobre os resultados encontrados acerca da formação académica dos diferentes intervenientes do processo de tomada de decisão referentes a situações de maus-tratos. Em parte, a reflexão deverá incidir, por exemplo, sobre a eventual influência da formação académica na prática profissional futura.
Child maltreatment is a real and complex social problem with severe short and long-term consequences to the children. In order to protect the children and youth at risk, it is crucial to understand the decisions regarding child maltreatment situations. The present work emerges as an attempt to better understand this reality. It encompasses three studies about decision-making processes in child maltreatment situations. Specifically, we intended to understand the opinion of different intervenient (e.g., judges and psychologists) on child maltreatment situations. Also, the slowdown of the process and multiplicity of available information reveals the importance of understanding information processing and probable influences associated to it. This thesis is compounded by three studies: One literature review and two empirical studies. Specifically, the first study is a systematic review about: (i) the characteristics that can influence judges’ decision about children at risk (e.g., judges’ characteristics); and (ii) the models that are eventually used for the professionals’ decision making in specific situations. Some consistency was found in the literature about the importance of situational characteristics such factors from judges (e.g., religion), victim (e.g., age), offender (e.g., gender), and context factors (e.g., rules and laws). Apparently, there is no consensual model that can represent the decision making process as a whole, even though a trend to the use of models that encompass legal, political and social system as well as personal values, seems to emerge. The second study approaches the opinion of professionals usually involved on the decision making process on child maltreatment situations (e.g., psychologists, social assistants). The participants’ perspective about the services available in Portugal and the different professionals involved on the process were analyzed. The study also approached the professionals’ opinion about specific characteristics of child abuse situations (e.g., parents’ psychopathology). Characteristics such as severity, length and reoccurrence of the abuse were considered the most important, whereas the family socioeconomic status was the least important. Significant associations between several study variables emerged, namely between participants’ profession and suggested services, and between workplace and situational characteristics. The last study is a comparative analysis about the potential role of academic experience on the decision making process. More specifically, this study compares the decision making process of law students and lay people (without experience on the legal field) regarding child maltreatment situations. Three features were explored: i) decision of removing or not the child from home; ii) confidence on the decision (post-decision confidence); and iii) rating of some characteristics specific of abuse situations (e.g., severity of the abuse). Results showed statistically significant differences between both groups regarding their post-decision confidence and characteristics’ ranking. However, no differences were found on the decision itself. Together, these three studies allowed not only to confirm the complexity of the decision-making in child maltreatment situations, but also to realize the need to build a comprehensive and integrative model of decision-making on specific situations of child maltreatment. Ideally, the model can be a support to process’ organizing, both for decision makers and for the institutions involved. It is important for those professionals to comprehend the specificities of their decision making process. For example, having as a base the explanatory models found in the first study about the judges’ decision making, professionals can reflect on their own decisions: Understand the most important factors and analyze the available information on specific cases. In what concerns other professionals – such as psychologists and social assistants –, this thesis allows an external look to their decisions. It is possible to do an informal survey about the decision making process of this professionals (e.g., about potential influences to the process). Moreover, and the knowledge acquired is likely to be applied to day-to-day actions. At last, it is relevant the reflection about the academic experience results regarding the professionals involved along the process, in particular, the judges. For example, a reflection about the eventual influence of academic experience on the professional practice is needed.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de Doutoramento em Psicologia Aplicada
URIhttps://hdl.handle.net/1822/48618
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento

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