A deterioração das relações laborais em tempos de crise: o caso dos jovens profissionais

Abstract

O agravamento do desemprego tem sido considerado como uma consequência da crise económica e financeira que a Europa atravessa. Os jovens profissionais são um dos grupos sociais que mais apresentam dificuldades na obtenção de emprego. O aumento do trabalho precário, nas mais diversas formas, tem também caracterizado este período económico. Relatórios institucionais europeus têm, ainda, relacionado a precariedade com a violência organizacional, sendo o assédio moral um tipo de violência organizacional que tem merecido particular destaque. Combater o assédio moral é um dos objetivos da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Neste sentido, analisar as perceções sobre as experiências dos jovens profissionais relativamente às condições laborais em tempos de crise e à relação entre essas mesma condições e o assédio moral foram objetivos deste estudo. Para a sua concretização, optou-se por uma metodologia qualitativa e pelo método da entrevista. Através da técnica de recolha de dados bola de neve acabaram por participar neste estudo 17 participantes com formação académica e com idades não superiores a 30 anos. Dos resultados obtidos, salienta-se que os entrevistados, na sua maioria, narraram que estão/estiveram sujeitos a mais de um ato de assédio moral nas suas trajetórias profissionais. O autor das agressões foi identificado pelos entrevistados como sendo, na maioria dos casos, o superior hierárquico. Os entrevistados identificaram, ainda, a intencionalidade e a duração em que ocorreu/ocorre o assédio moral. Todos os entrevistados enumeraram vários sentimentos, quando vítimas de assédio moral. Uma minoria dos entrevistados referiu consequências na sua saúde física e psicológica. Neste estudo, identificaram-se, ainda as expectativas ao nível profissional, relativamente a situações futuras. Com este estudo pretendeu-se caracterizar qualitativamente uma realidade opressiva que pode ocorrer no contexto de trabalho e que merece que se repense as políticas institucionais e organizacionais de prevenção e punição do assédio tipo de moral.

The increase in unemployment has been considered as a consequence of the economic and financial crisis that Europe is through. Young professionals are one of the social groups that have more difficulties in obtaining employment. The increase in precarious work, in various forms, has also characterized this economic period. European institutional reports have also linked to precariousness with organizational violence, and bullying a type of organizational violence that has received particular attention. Combating bullying is one of the objectives of the International Labour Organization (ILO). In this sense, analyze the perceptions about the experiences of young professionals in relation to working conditions in times of crisis and the relationship between these same conditions and bullying were objectives of this study. For its implementation, we opted for a qualitative methodology and the interview method. Through the snowball data collection technique eventually participate in this study 17 participants with an academic background and not exceeding the age of 30 years. From the results, it should be noted that respondents, mostly narrated that are / were subject to more than one act of bullying in their professional careers in precariousness records. The author of the assault was identified by respondents as being in most cases the superior. Respondents also identified the intentionality and the duration that was / is bullying. All respondents enumerated various feelings when victims of bullying. A minority of respondents reported consequences for their physical and psychological health. In this study, we identified, although expectations professional level for future situations. This study aimed to qualitatively characterize an oppressive reality that can occur in the context of work that deserves to rethink the institutional and organizational policies for the prevention and punishment of this type of organizational violence.