As representações sociais acerca do trabalho da polícia: o caso do BOPE no YouTube

Abstract

A mídia recentemente tem sofrido mudanças nas formas de produzir e compartilhar informação. A internet abriu espaço para outros atores adquirirem a posição de produtores e/ou disseminadores de conteúdo, os chamados “cidadãos-jornalistas” (Greer e McLaughlin, 2010), em espaços que extrapolam os limites dos órgãos de comunicação social, capazes de inserir, contestar, reafirmar, resignificar os conteúdos midiáticos. Esse novo espaço de comunicação abriu um leque de problemáticas possíveis, desde preocupações técnicas a respeito da engenharia de tráfico às discussões sobre identidade, lixo digital... Dentro desse contexto, objetivamos nesta investigação discutir as representações sociais acerca do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) do Rio de Janeiro que circulam nas novas mídias, especificamente no espaço do YouTube, sob forma de vídeos e comentários compartilhados por seus usuários. O YouTube é um espaço de compartilhamento de vídeos e comentários aberto ao público e com grande número de visitas diárias. Aqui este espaço serve de fonte para apreender as representações sociais a respeito da polícia, em especial o BOPE, uma polícia fortemente midiatizada devido aos filmes brasileiros “Tropa de Elite” (2007) e “Tropa de Elite II” (2010), e que ganhou espaço não apenas nas mídias formais, mas também nas novas mídias. Os resultados mostram que parte do material disponibilizado no espaço do YouTube provém de reportagens da mídia formal que foram disponibilizadas por utilizadores da internet e parte configura-se como produção independe, produzida pelo próprio disponibilizador. O material proveniente de reportagens televisivas não perde o caráter específico que adquirem ao serem escolhidos para disponibilização na rede, onde se congrega um conjunto de material advindo de emissoras distintas, ganhando audiências mais abrangentes, muitas vezes a nível internacional. As representações sobre a polícia encontradas nesses espaços envolvem representações mais amplas a respeito do crime, do criminoso, do sistema de justiça criminal, drogas e mesmo do mundo ficcional dos filmes e videojogos, configurando-se como um material rico para compreender como os novos atores da comunicação social e os cidadãos comuns têm contribuído para a construção e disseminação das representações sociais sobre o mundo crime, o controle do crime e a atuação policial nesses domínios.

Recently, the media has changed regarding ways of producing and sharing information. The internet has given space for other actors to reach the position of producers and/or spreaders of content, the citizen journalists (Greer; McLaughlin, 2010), as they are called, at spaces that exceed the limits of the organs of social communication, able to insert, contest, reaffirm, reframe the media contents. This new communication space has oepened up a range of possible problems, from technical concerns about the traffic engeneering to the discussions about identity, digital garbage… In this context, the objective of this investigation is to discuss the social representations about the Batalhão de Operações Policias Especiais – BOPE (Battalion of Special Police Operations) from Rio de Janeiro that circulate in the new media, specifically in the space of YouTube, under the formats of videos and comments shared by its users. YouTube is a space of video sharing and commenting opened to the public and with great number of daily visits. Here, this space serves as a source of learning the social representations about the police, specially the BOPE, a strongly mediatized police due to the brazilian movies “Tropa de Elite” (“Elite Squad”) (2007) and “Tropa de Elite II (Elite Squad – The Enemy Within) (2010), and that conquered space not only in the formal media, but in the new media too. The results show that part of the available material in the space of YouTube comes from reports of the formal media that were available by the internet users and part is set as independent production, produced by the user himself. The material that came from television reports don’t lose the specific character they acquire when chosen to availability in the network, where a set of material from different broadcasters is gathered, reaching a more extensive audience, sometimes at international level. The representations about the police found at these spaces involve wider representations about the crime, the criminal, the system of criminal justice, drugs and the fictional world of movies and videogames, configuring it as a rich material to understand how the new actors of social communication and the common citizens have been contributing to build and spread the social representations about the world of crime, the control of the crime and the police acting at these domains.