Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/21074

TítuloRepertórios interpretativos sobre o amor: das narrativas culturais às conjugalidades violentas
Autor(es)Conde, Ana
Orientador(es)Machado, Carla
Gonçalves, Rui Abrunhosa
Manita, Celina
Data6-Jul-2012
Resumo(s)No presente estudo, adotando uma perspetiva sociocultural assente nos pressupostos construcionistas sociais, procuramos analisar e compreender o fenómeno do amor, mais precisamente, a sua articulação com as práticas relacionais amorosas, entre as quais, as que se caracterizam pela violência. No percurso teórico que desenvolvemos, encontramos fundamentos que nos permitem sustentar o argumento de que o amor e a violência na intimidade são fenómenos intimamente dependentes das práticas e discursos socioculturais, pelo que defendemos a interligação dos fenómenos e a adoção de uma perspetiva sociocultural na sua análise. No que diz respeito à violência na intimidade, procedeu-se à revisão das teorias e da investigação que integram a dimensão cultural, concluindo-se que há fatores socioculturais que fornecem racionais e justificações para a violência. No que diz respeito ao amor, realizamos uma revisão exaustiva das diferentes abordagens teóricas e estudos sobre o fenómeno, constatando o reconhecimento consensual da existência de variações culturais na experiência do amor e concluindo que esta é constrangida pelos padrões culturais vigentes num dado tempo/espaço, incluindo a experiência “violenta” do fenómeno. Utilizando uma metodologia qualitativa da análise do discurso e recorrendo ao conceito de “repertório interpretativo”, procuramos compreender quais as grelhas interpretativas culturais disponíveis para significar o amor e analisar de que forma essas grelhas/repertórios são apropriadas e transformadas no discurso e nas práticas dos diferentes sujeitos. Mais especificamente, de que forma estas grelhas interpretativas podem influenciar as relações de intimidade e o recurso a práticas violentas ou abusivas. No primeiro estudo empírico analisámos o discurso dos sujeitos sem historial de violência e com diferentes backgrounds geracionais (adultos de diferentes faixas etárias e jovens). Concluiu-se que existe de uma continuidade discursiva transgeracional mas identificaram-se algumas especificidades geracionais, discutidas à luz do contexto sociocultural. No segundo estudo empírico, realizou-se uma análise comparativa entre os sujeitos com historial de violência e os sujeitos sem historial de violência, tanto da população juvenil como da população adulta. Além dos aspetos consensuais, discutem se as especificidades que distinguem os sujeitos com historial de violência dos sujeitos sem historial de violência e, mais especificamente, discutem-se as particularidades que distinguem o discurso dos jovens. No terceiro e no quarto estudo empíricos analisou-se o discurso dos agressores e o discurso das vítimas. No estudo com os agressores, verificou-se que o tema da conflitualidade/violência é central no seu discurso, havendo uma tentativa de integrar na sua história a perpetração de violência contra a parceira. Identificam-se diferenças entre os agressores juvenis e os agressores adultos, bem como diferenças decorrentes da situação relacional dos sujeitos. No estudo desenvolvido com as vítimas, identificaramse tentativas de conciliar a experiência da vitimação com a componente amorosa mas, também, a experiência de perpetração no feminino. Identificaram-se, também, diferenças entre as vítimas jovens e as adultas, bem como algumas especificidades decorrentes da situação relacional das mulheres. Face aos resultados destes dois estudos, são analisados os discursos socioculturais mais alargados sobre o amor e explorados tópicos de intervenção. Reflete-se, ainda, sobre a forma como os discursos do amor constrangem, diferenciadamente, a experiência da vitimação e a experiência da perpetração no feminino. Por fim, na conclusão, debatemos as implicações dos resultados a três níveis: (i) o que traduzem quanto aos processos históricos, sociais e políticos da cultura portuguesa; (ii) as possibilidades que abrem/fecham enquanto recursos culturais para a construção do amor e das práticas/formas relacionais (e em que medida podem constranger/influenciar a vivência de relações violentas, abusivas e assimétricas); e (iii) pistas para a intervenção, preventiva e remediativa, que fornecem, mas sob uma perspetiva cultural.
In this study, by adopting a sociocultural perspective based on social constructionist assumptions, we pursue to analyze and understand the phenomenon of love, more precisely, its articulation with relational loving practices, including those that are characterized by violence. In our theoretical approach, we find evidence that love and violence in intimate relationships are closely dependent of sociocultural practices and discourses, allowing us to support the interconnection of these phenomena and the adoption of a sociocultural perspective in its analysis. With regard to violence in intimate relationships, we provide an overview of the theoretical knowledge and empirical research generated by the concern over its cultural dimension, concluding that there are sociocultural factors that sustain and validate violence. With regard to love, we make a thorough review of the various theoretical approaches about the phenomenon; as well we describe the empirical research developed under these approaches. There is a consensual recognition that they are cultural differences in love experience, and that love experience is constrained by cultural patterns prevailing in a given time and space, including the "violent" experience of the phenomenon. By using the qualitative methodology of discourse analysis, along with the concept of "interpretative repertoire", we try to understand which cultural interpretive networks are available to give meaning to love. We analyze how these networks/repertoires are appropriated and transformed through the discourse and practices of different subjects. More specifically, we analyze how these interpretative networks may influence intimate relationships and the recourse to violent or abusive practices. In the first empirical study we analyze the discourse of subjects with no history of violence, from different generational backgrounds (adults from different age groups and youngsters). We conclude that there is a transgenerational discursive continuity but, we also identify generational specificities, which are discussed within the sociocultural context.In the second empirical study, we make a comparative analysis between subjects with a violent story and subjects without violent story, including both youngsters and adults. Beside the consensual issues, we discuss the specificities that distinguish subjects with a violent story and subjects without violent story; and, more precisely, we discuss the peculiarities that differentiate the youngsters' discourses. In the third and fourth empirical studies we analyze, specifically and respectively, the discourses of aggressors and victims. In the study of aggressors, we realize that conflict/violence is a central issue in their discourse, being an attempt to integrate the violence against women in their story. We identify differences between juvenile and adult, along with differences arising from the subjects' relational status. Considering our results, we discuss the broader sociocultural discourses about love that legitimizes the use of violence; as well we explore areas of intervention. In the study with the victims, we identify not only the attempt to conciliate victimization, but also the experience of female perpetration, with love dimension. We find differences between young and adult victims, as well as some specificities resulting from women's relational status. Considering the results, we also discuss the broader sociocultural discourses about love and we explore topics for intervention. In addition, we analyze how the discourses about love constrain both the experience of victimization and of female perpetration. Finally, in the conclusion, we discuss the implications of the results at three levels: (i) what they translate regarding historical, social and political processes of Portuguese culture; (ii) the possibilities they open or close as cultural resources for the construction of love and relational practices/forms (and to what extent they may constrain/influence the experience of abusive, violent and asymmetric relationships), and (iii) the clues they provide for intervention, both preventive and remedial, but in a cultural perspective.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Psicologia (área de especialização em Psicologia da Justiça)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/21074
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CIPsi - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Ana Rita Conde Dias.pdf2,74 MBAdobe PDFVer/Abrir

Partilhe no FacebookPartilhe no TwitterPartilhe no DeliciousPartilhe no LinkedInPartilhe no DiggAdicionar ao Google BookmarksPartilhe no MySpacePartilhe no Orkut
Exporte no formato BibTex mendeley Exporte no formato Endnote Adicione ao seu ORCID