Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/7035

TítuloMetajornalismo… ou quando o jornalismo é sujeito do próprio discurso
Autor(es)Oliveira, Madalena
Orientador(es)Martins, Moisés de Lemos
Data13-Jul-2007
Resumo(s)Sob vários signos se tem pensado a nossa época como um tempo de crise especialmente potenciado pelo funcionamento dos media. Tempo do consumo (Baudrillard), do espectáculo (Debord), das massas (Gasset) ou do efémero (Lipovetsky), de transparência (Vattimo) ou de transbordância (Jeudy), eufórico, excitante (Elias), agitado, tribal ou orgiástico (Maffesoli). Sob estes signos pensamos também o jornalismo na sua tarefa de exibição dos estados inaceitáveis do mundo e de criação dos quadros em que o actual acede à visibilidade (Miranda, 1998). O pressuposto de que partimos para esta investigação é, portanto, o de que, participando de uma generalizada crise da experiência comunicativa, o jornalismo se tem transformado numa prática de dominante sensológica. Propondo uma nova sociologia dos media, na primeira parte deste trabalho, analisámos as consequências do projecto moderno e os argumentos que definem a hipótese de um tempo de todos os fins – o fim da geografia, o fim da história e o fim do orgânico. Importaria, por isso, compreender os efeitos de uma requisição total da experiência pela tecnologia. Nessa perspectiva, procurámos defender a tese de que uma era de comunicações digitais está marcada por um desejo radical de ligação, apesar de estarem em falta os princípios que estruturavam a cultura como unidade. A verdade é que, tomados pela metáfora da navegação – a mais adequada para falar da experiência comunicativa actual – os mass media são hoje a expressão maior da confluência entre a técnica e a afecção (Teresa Cruz, 2002), que, no capítulo 3, apresentámos na condição de uma crítica da tecnologização das emoções. Particularmente assinalados pela cultura da urgência, os meios de comunicação social – que eram por definição mediadores da nossa relação com o mundo – são, cada vez mais, instrumentos de imediatização da experiência. É isso que os torna especialmente comprometedores para o pensamento. Com especial propensão para o desenvolvimento de uma racionalidade de tipo emotivo, que reage por impulso à efervescência dos instantes, os media são agora, mais do que em qualquer outra época anterior, o sinal de um tempo que se conjuga na sublimação do presente, ou seja, para a “epifania do efémero” (Carrilho, 1994). Com este enquadramento, partimos na segunda parte para uma leitura histórica do jornalismo enquanto discurso de actualidade. Procurámos então perceber como tem sido encarado com desprezo este ofício que nasce, pelo menos aparentemente, da nobre atitude de garantir o direito de todos os cidadãos à informação. Atendendo ao modo como homens das letras e da política sempre se referiram aos profissionais da imprensa, concluímos serem os jornalistas uma espécie de heróis frágeis da modernidade. Tornaram-se indispensáveis a uma cidadania activa, mas este facto não minimiza a intolerância ao exercício de outro poder que não seja o de controle da acção legislativa, executiva e judicial. Ao especularmos a possibilidade de o jornalismo configurar efectivamente um poder, o de tipificar o real e de lhe dar visibilidade, procurámos também identificar os traços de fragilidade da tarefa jornalística. Referimo-nos, nesse sentido, aos constrangimentos de natureza económica, cujos efeitos resultam na gestão da informação como mercadoria. Por outro lado, interrogámos os perigos da marca de subjectividade num discurso que se pretende objectivo, rigoroso e verdadeiro. Finalmente, considerámos a ameaça de, perante a emancipação do cidadão e a abundância de informação, os jornalistas perderem o exclusivo da notícia. Como preservar o jornalismo como uma via segura, talvez a única, de abordar um mundo em que urge distinguir real e ficcional? Com esta pergunta, entrámos na terceira parte, interrogando a força do imperativo ético como mecanismo de legitimação de uma actividade sobre a qual caem as maiores suspeitas. Mas o imperativo ético parece-nos, por si só, insuficiente, pelo que procurámos argumentar pela possibilidade de a reinvenção do jornalismo se dever fazer num imperativo político de uma categoria crítica por excelência. É nesse sentido que defendemos o interesse de um discurso de nível metajornalístico. Assim advogamos ser mister abrir o jornalismo ao escrutínio público que não consente apenas uma reflexão de tipo deontológico no interior da classe profissional ou regulada por organizações independentes. Prática adjuvante da cidadania, o jornalismo sobre o jornalismo é não só possível como desejável. Que ele se faça no incremento de secções e espaços noticiosos dedicados aos media, através de informação factual e de análise, nisso se consubstancia a nossa proposta que admite, ao contrário dos clássicos manuais de jornalismo, que os jornalistas possam ser notícia.
Under various signs has been our age thought as a time of crisis, specially raised by the functioning of mass media. Time of consumption (Baudrillard), of spectacle (Debord), of masses (Gasset) or of the ephemeral (Lipovetsky), of transparency (Vattimo) or of overflow (Jeudy), euphoric, exciting (Elias), agitated, tribal or orgiastic (Maffesoli). Under these signs is, in this work, journalism thought, in its task of exhibiting the inaceptable states of the world and of creating the frames into which actuality accedes to visibility (Miranda, 1998). The departing point to our research is, therefore, the presupposition that, participating in a generalised crisis of communicative experience, journalism is being transformed into a practice of sensologic dominant. Proposing a new sociology of media, in the first part of this work we analised the consequences of the modern project and the arguments that define the hypothesis of a time of every ends – the end of geography, the end of history and the end of organic. It would matter, then, to understand the effects of a total requisition of the experience by technology. In that perspective, we intended to defend the thesis that an era of digital communications is marked by a radical desire of connexion, although it fails the principles that used to structurate the culture as unit. The truth is that, taken by the metaphore of navigation – the most adequated for speeking of the present communicative experience – mass media are today the greatest expression of the confluence between techniques and affection (Teresa Cruz, 2002), what, in chapter 3, we presented in the condition of a critics of the emotions technologisation. Particularly signalised by the culture of urgency, mass media – that were, by definition, mediators of our relation to the world – are, more and more, instruments of imediatisation of experience. That is what makes them specially endangering for thought. With special propensity to the development of a kind of emotive racionality that reacts by impulse to the instants effervescence, media are now, more than in any other times, the sign of a time conjugated in the sublimation of present, that is, to the “epiphany of ephemeral” (Carrilho, 1994). With this framework, we got in the second part into a historical lecture of journalism as discourse of actuality. We looked for an understanding of how this job has been faced with contempt, a job that, at least apparently, was born of the noble attitude of guarantee to all citizens the right of information. Taking into account the way men of letters and politics have always reffered themselves to the press professionals, we concluded that journalists are a kind of fragile heros of Modernity. They became essential to an active citizenship, but this fact has not minimised the intolerance to the exercise of other power unless the one to control the legislative, executive and judicial action. Speculating journalism in its possibility to configure effectively a power, the one of typifying the real world and give it visibility, we seeked also to identify the lines of fragility of journalistic task. In that sense, we reffered to the economical constraits, which effects may result in the management of information as merchandise. By the other hand, we questioned the dangers of subjectivity marks in a discourse that is pretended to be objective, rigorous and truthful. Finally, we considered the threat of, in the sight of citizens emancipation and abundant information, journalists loose the exclusive of news. How to preserve journalism as a secure way, perhaps the unique way, to accost a world where it becomes urgent to distinguish real and ficcional? With this question, we entered into the third part, examining the force of ethical imperative as mechanism of legitimation of an activity on which falls great suspections. But the ethical imperative seems to us, by it self, insufficient. Thus, we intended to argue the possibility of reinventing journalism in the political imperative of a critical category. It is in that sense that we defend the interest of a discourse of metajournalistic level. So we advogate to be necessary to open journalism to a public scrutiny that should not be closed in a deontological reflexion, promoted into the professional class our regulated by independent organisations. Adjuvant practice of citizenship, journalism on journalism is not only possible but desirable. That is why we insist in the increment of sections and news spaces dedicated to media, in the form of factual information and analysis. Unlike the classic books on journalism, we do pretend that journalists may become object of news.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de Doutoramento em Ciências da Comunicação - Ramo de Conhecimento de Sociologia da Informação
URIhttps://hdl.handle.net/1822/7035
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CECS - Teses de doutoramento / PhD theses

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
TESE-FINAL.pdf1,64 MBAdobe PDFVer/Abrir

Partilhe no FacebookPartilhe no TwitterPartilhe no DeliciousPartilhe no LinkedInPartilhe no DiggAdicionar ao Google BookmarksPartilhe no MySpacePartilhe no Orkut
Exporte no formato BibTex mendeley Exporte no formato Endnote Adicione ao seu ORCID