Pobres, pobreza e caridade, através das constituições sinodais portuguesas, desde a Idade Média ao fim do período moderno

Abstract

Emergentes de um sínodo, as constituições sinodais eram um elemento crucial de uma governação observante, de um território episcopal ou arquiepiscopal, que tinham a comunidade cristã e a caritas christiana como indissociáveis. Iniciámos a nossa dissertação com um breve excurso sobre a transformação das comunidades cristãs em paróquias, sobre a formação dos bispados e papel dos bispos e da catedral no processo organizativo da Igreja Católica. A partir daqui, focámo-nos na evolução da figura do pauper e da caritas, ao longo da Idade Média e do período moderno, aliando-as à análise das constituições sinodais portuguesas. Foi nosso principal objetivo saber se as constituições sinodais continham disposições sobre a prática da caridade e espelhavam preocupações com os pobres. Salvo raras excepções, a nossa conclusão é de que são omissas neste particular, confirmando o fraco envolvimento dos padres e paroquianos em obrigações formais de caridade.

Synodal constitutions were a key element in the government of an episcopal or archiepiscopal territory, and were inseparable from the Christian community and caritas christiana. We begin our dissertation with a brief overview of the roles performed by bishops, parishes and the cathedral in the organization process of the Catholic Church. We also focused on the evolution of attitudes towards paupers and caritas from the Middle Ages to the beginning of the Early Modern Period, combining it with an analysis of the Portuguese synodal constitutions in order to know whether they mirrored concerns over assistance to the poor. With rare exceptions, we concluded that neither parish priests nor parishioners had formal obligations of charity towards them.