Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/1822/20462

TítuloO ecrã da identificação
Autor(es)Loureiro, Luís Miguel Nunes da Silva
Orientador(es)Lopes, Felisbela
Data16-Abr-2012
Resumo(s)O presente trabalho pretende atingir uma proposta sociológica crítica do espaço público contemporâneo, a partir da perspectiva que uma pesquisa dos fenómenos de identificação (muito presentes na nossa relação quotidiana com os ecrãs tecnológicos mas extensíveis à nossa relação subjectiva com o mundo) nos pode fornecer. Essa proposta constrói-se sobre dois níveis de questionamento, elaborando um modelo que será depois submetido a análise: o primeiro, a partir de um estudo da identificação como fenómeno cinético, cuja descrição teórica o definirá como modo contemporâneo múltiplo de ligação do Eu ao mundo, combinando elementos de temporalidade e de narratividade; o segundo, indagando esse mundo de ligações a partir dos colectivos que formulam. Emergirá daqui uma teorização sociotécnica do ecrã contemporâneo. Ao instabilizar, hibridizar e simbiotizar as tradicionais relações de mediação, o ecrã da identificação já não responde a partir das linhas fronteiriças modernas que separavam sujeito e objecto em campos distintos. Coloca-se, pois, à contemporaneidade, como problema político, pondo em evidência as tensões cada vez mais violentas entre as noções de privado e público. É desse problema que se ocupa a nossa pesquisa. O modelo proposto pelo presente trabalho fundar-se-á numa verificação das insuficiências dos sistemas modernos de mediação, cujas bases radicam nos conceitos tradicionais de espaço público. Os espaços de identificação que proporemos como modelo espácio-temporal, plural e orgânico, jogam-se no que poderíamos descrever como uma noção gradativa da identificação, que entende a formulação do problema público a partir de todos os fundos possíveis, alguns deles já não dependentes de processos racionais de acção comunicativa: da profundidade mais inóspita, intersticial e anónima, na qual é até possível descrever uma ausência ou vazio originário de identificação; à imensa e veloz superfície do visível, superfície de toda a publicidade sobre a qual encontramos os modos de operação dos media, e na qual a identificação imediata explode em miríades de si. O modelo hipotético formulado a partir da investigação teórica será, finalmente, testado em contexto empírico, a partir de uma estratégia qualitativa de estudo de caso. O caso a analisar é o protesto da Geração à Rasca, conjunto de manifestações que ocorreram, simultaneamente, em nove cidades portuguesas, a 12 de Março de 2011, envolvendo um total estimado de pelo menos cerca de 300 mil pessoas, só em Lisboa e no Porto. Tratou-se de um acto político, aparentemente configurado de acordo com as noções modernas de cidadania, que teve um grande impacto no espaço público mediático, sendo profusamente noticiado e comentado em media nacionais e internacionais. A nossa análise verificará, no entanto, que o processo da sua elaboração esteve longe de se fechar sobre um espaço público meramente fundado em relações de visibilidade mediada e de controlo da mediação. Manteve-se sempre como um processo aberto e, em certa medida, indeterminado, procurando evitar a redução da mediação à representação e mantendo uma permanente conexão às suas profundezas mais íntimas, nele reveladas como interioridade comum. O que emergiu à superfície partilhável do visível sob a aparência de um acto de cidadania foi, assim, um fenómeno fundado num conjunto de múltiplas dinâmicas concorrentes, fundadas tanto no que designaremos a circulação anónima da palavra subjectiva como na sua visibilização objectivada e controlada. Verificar-se-á, assim, a partir do caso estudado, a plausibilidade e aplicabilidade empírica do modelo hipotético elaborado pelo duplo questionamento teórico precedente, o que lhe confere um potencial de generalização ao estudo de fenómenos sociais contemporâneos cuja configuração originária escapa aos quadros de pensamento fornecidos pelas teorias de acção política fundadas nos conceitos tradicionais de espaço público.
This work aims to propose a critical sociological understanding of the contemporary public space through a thorough investigation of the identification phenomena (massively present in our daily life as a relation with the technological screens but also possible to extend to the subjective relation with the world). It intends to develop a double-layered questioning, thus elaborating a model that is to be tested and analyzed afterwards: a first layer, built around a conceptualization of identification as a kinetic phenomenon, whose theoretical description will define it as a contemporary multiple mode of connection of the Self to/with the world, combining elements of temporality and narrativity; a second layer, interrogating this world of connections from the collectives they elaborate. This will resort into a sociotechnical theorization of the contemporary screen. By destabilizing, hybridizing and symbiotizing the traditional relations of mediation, this screen of identification surpasses the old modern borderlines that used to draw a clear distinction between subject and object. It then poses itself to contemporaneity as a political problem, underlining the increasingly violent tensions between the notions of private and public. Our research is focused in this problem. The comprehensive model that will emerge from this work is based on the verification of the current insufficiencies of modern mediation systems, conceptually grounded on the traditional public space theoretical frames. The spaces of identification spatial-temporal, plural and organic model that we propose is rooted on what could be described as a gradative conceptualization of identification, that tries to understand the formulation of the public problem from all possible depths, some of them no longer dependent on communicative rationality based processes: from the most unknown, interstitial and anonymous depths, on which we are able to describe an absolute absence of identification; to the immense and fast surface of the visible, surface of all publicity, over which we encounter the operative modes of the media and observe the myriads of explosions and sightings of immediate identification. This theoretically built hypothetic model will be finally put to test before an empirical context, using a case study qualitative research strategy. Our analysis will be focused on the Desperate Generation (Geração à Rasca) protest, a set of simultaneous demonstrations that took to the streets of nine Portuguese cities, on March 12th 2011, involving an estimated total of 300 thousand people in Lisbon and Porto alone. It was, in fact, a political act apparently elaborated according to the modern principles of citizenship and having a deep impact on the mediatized public space where it became the object of a huge quantity of news and chronicles, both nationally and internationally. Despite this, our research confirmed that its inner elaboration process never closed itself on a public space exclusive framing established upon relations of mediated visibility and control of mediation. Its development kept an openness and, to some extent, an indeterminate character, by permanently trying to avoid the reduction of mediation to representation and by keeping a permanent connection to its most intimate depths, revealed in it as common interiority. The political phenomenon that apparently emerged to the shareable surface of the visible as an act of citizenship was instead the result of a multiple set of concurring dynamics, ignited by what we will designate the anonymous circulation of the subjective word and confined within its objectified and controlled visibilization. Our case study will then allow us to verify the empirical applicability of the theoretically elaborated hypothetical model. This will boost its generalization potential to the study of other contemporary social phenomena with political impact, whose original features seem to escape the ordinary frames of thought built according to political action theories grounded on the public space traditional concepts.
TipoTese de doutoramento
DescriçãoTese de doutoramento em Ciências da Comunicação (ramo do conhecimento em Sociologia da Comunicação e da Informação)
URIhttps://hdl.handle.net/1822/20462
AcessoAcesso aberto
Aparece nas coleções:BUM - Teses de Doutoramento
CECS - Teses de doutoramento / PhD theses

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Luís Miguel Nunes da Silva Loureiro.pdf8,48 MBAdobe PDFVer/Abrir
TESE ANEXOS.zip83,71 MBUnknownVer/Abrir

Partilhe no FacebookPartilhe no TwitterPartilhe no DeliciousPartilhe no LinkedInPartilhe no DiggAdicionar ao Google BookmarksPartilhe no MySpacePartilhe no Orkut
Exporte no formato BibTex mendeley Exporte no formato Endnote Adicione ao seu ORCID