As crianças não podem ser deixadas para trás: significados atribuídos pelas crianças aos seus papéis de filho(a) e aluno(a)

Abstract

Situada no domínio dos Estudos da Criança, na especialidade da Sociologia da Infância, a presente Tese pretende discutir os caminhos e as práticas voltadas ao respeito à criança enquanto sujeito participativo nas instituições de educação de infância e na família. A partir dos anos 80, os estudos e pesquisas que se foram realizando no campo da Sociologia da Infância deram um contributo muito importante para a conceitualização da infância como um grupo geracional e da criança como ator social competente. Na mesma década, a publicação da Convenção dos Direitos da Criança, publicada em 20 de Novembro de 1986, vem consagrar a criança como sujeito de direitos. Estes novos olhares sobre a infância e a criança colocam desafios aos profissionais da educação e famílias para garantir às crianças um espaço de participação ativa nos contextos em que está inserida. No entanto, observa-se que as práticas dentro das instituições têm se modificado pouco, talvez por consequência de uma conservadora herança pedagógica, que via a Educação Infantil apenas como um período de transição antes da idade escolar e adulta, sem se importar que tipo de adulto estaria preparando e, também, por conta da ineficiência de um Estado provedor, incapaz de implementar políticas eficazes à promoção de uma educação pública de qualidade. Esta Tese, intitulada: As crianças não podem ser deixadas para trás: significados atribuídos pelas crianças aos seus papéis de filho (a) e aluno (a), tem a pesquisa realizada num Centro de Educação Infantil em uma cidade do Estado de Santa Catarina, no Brasil. São seus objetivos, Identificar os significados que as crianças dão aos seus papéis, de filho (a) e de aluno (a); Analisar os significados que as crianças dão a estes papéis e por último, caracterizar a forma como as crianças se envolvem nas diferentes dinâmicas na família e na escola. Para alcançarmos os objetivos propostos a metodologia utilizada é de natureza qualitativa. Através dos registros (desenhos e falas das crianças) produzidos na sala de atividade, de passeios fora do Centro de Educação Infantil e com a prática de atividades combinadas feitas pelo grupo de crianças em conjunto com suas famílias, a sua análise permite identificar a percepção que a criança tem de suas relações com a escola e com a família. E com essa premissa, saber até que ponto realmente ela considera-se importante enquanto agente participativo nas duas instituições. Os resultados obtidos podem contribuir para a reflexão de uma cultura de educação de infância e da participação das crianças nestes contextos educativos.

This thesis, which fits into the Childhood Studies area, more specifically the Sociology of Childhood specialty, discusses possibilities and practices related to respecting children as participating subjects in Preschool institutions as well as in families. From the 1980s on, a number of studies has been performed in the Sociology of Childhood field, thus contributing substantially to the definition of "childhood" as a generational group and of “children” as competent social actors. In that same decade, the publication of the Children's Rights Convention, on November 20, 1986, established that children are also entitled to having rights. These new views on childhood and children have placed challenges before education professionals as well as families, requiring that children be granted active participation in any context. However, we observe that practices within institutions have changed very little. This may be a consequence of a conservative pedagogical inheritance, which used to see Preschool as a mere transition period before school age and adulthood, not taking into account what kind of adults were to be formed in the future. The inefficiency of the government also plays a role here, since it is unable to implement effective policies that could promote quality public education. This thesis, called "Children cannot be left behind: meanings children assign to their roles as son(s)/daughter(s) and student(s)", was built upon a study performed at a Preschool Center in a city of the Santa Catarina state, in Brazil. The objectives were: to identify the meanings children assign to their roles as sons/daughters and students; to analyze the meanings children attribute to such roles; to describe the way children engage in different types of dynamics both in families and in school. In order to reach said goals, we used a qualitative methodology. The analysis of records produced in the activity room (the children's drawings and statements), the activities outside the Preschool Center, and the activities done by the children together with their families allowed identifying the perception that children have of their relationships with the school and their families. With this information, we sought to grasp how important children consider themselves as participating subjects inside both institutions. The findings may contribute to the rethinking of Preschool Education and the participation of children within these educational contexts.