Qualidade na publicação electrónica: como controlá-la?

Abstract

Hoje em dia assiste se a uma utilização desenfreada de suportes digitais para uma publicação electrónica selvagem e ditada pelas regras de competição do mercado.

Assim, é fácil encontrar CDROMs ou páginas WWW contendo vários erros, que podem ser simples erros ortográficos ou erros semânticos que podem ter consequências graves.

De facto, se nos debruçarmos um pouco sobre o ciclo de vida da publicação electrónica não encontramos nenhum processo de controlo de qualidade. Este, se existe, é composto por ciclos de revisão que são os primeiros a ser eliminados quando surgem restrições temporais no projecto.

A Qualidade em Publicações Electrónicas pode ser vista sob vários pontos de vista, desde o aspecto visual da interface, o linguístico e literário, à correcção da informação (significado, semântica), isto para além da qualidade inerente ao próprio processo da publicação em si. Neste trabalho vamos focar a nossa atenção neste aspecto, a correcção da informação, discutindo como garanti la.

Há já alguns anos que a comunidade internacional relacionada com a Publicação Electrónica se vem preocupando com a qualidade e optimização dos processos editoriais. O primeiro problema que enfrentaram foi o da proliferação de formatos subjacentes às ferramentas de software utilizadas e inerente falta de compatibilidade entre plataformas. Das reuniões científicas realizadas para discutir soluções para este e outros problemas menores surgiu um standard internacional para a Publicação Electrónica, o SGML ("Standard Generalized Markup Language").

O SGML veio resolver aquele problema mas veio também dar uma grande contribuição para a qualidade da produção documental a validação estrutural automática.

No entanto, o SGML veio resolver apenas uma parte do problema. Veio permitir a edição estrutural assistida de documentos e provocou a separação completa entre o conteúdo de um documento e a sua formatação. Hoje existem no mercado muitos ambientes de edição que assistem os seus utilizadores na criação de documentos bem formados e estruturalmente correctos. Mas há uma falha neste sistema, não há possibilidade de se controlar o conteúdo do documento. O autor tem o controle total da informação que está a introduzir. O que nós gostaríamos que o sistema permitisse é a associação de restrições semânticas aos elementos estruturais de um documento. Deste modo, muitos erros poderiam ser evitados, alguns ciclos de revisão poderiam ser anulados e por conseguinte a qualidade aumentaria.

Neste trabalho discutiremos a utilização do SGML como meio de controlar a qualidade na produção documental e proporemos uma extensão que nos permitirá exprimir restrições sobre o conteúdo dos documentos de modo a possibilitar alguma validação semântica automática mostrando, deste modo, aquele que seria um ambiente ideal com controlo de qualidade para a produção documental.

Por fim propomos um novo ciclo de vida para a Publicação Electrónica e apresentamos um protótipo da sua implementação.